1. (Unesp) O poema épico de Camões,
entre outros ingredientes da epopeia clássica, apresenta o chamado
'maravilhoso', que consiste na intervenção de seres sobrenaturais nas ações
narradas. Quando tais seres pertencem ao universo da Mitologia Clássica, diz-se
'maravilhoso pagão'; quando pertencem ao universo do Cristianismo, diz-se
'maravilhoso cristão'. Com base nesta informação,
a) identifique o tipo de 'maravilhoso'
presente na oitava de OS LUSÍADAS;
b) comprove sua resposta com exemplos
da própria estrofe.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Unesp) A(s) questão(ões) seguintes
tomam por base a oitava estrofe do Canto VI de OS LUSÍADAS, de Luís de Camões
(1524?-1580), e o poema A ONDA, de Manuel Bandeira (1886-1968).
OS LUSÍADAS, VI, 8
No mais interno fundo das profundas
Cavernas altas, onde o mar se esconde,
Lá donde as ondas saem furibundas,
Quando às iras do vento o mar
responde,
Netuno mora e moram as jucundas
Nereidas e outros Deuses do mar, onde
As águas campo deixam às cidades
Que habitam estas úmidas Deidades.
(in: CAMÕES, Luís de. OS LUSÍADAS.
Lisboa: Imprensa Nacional, 1971. p.195.)
A
O N D A
a onda anda
aonde anda
a onda?
a onda ainda
ainda onda
ainda anda
aonde?
aonde?
a onda a onda
(in: BANDEIRA, Manuel. ESTRELA DA VIDA
INTEIRA. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1966. p.286.)
2. Os dois textos apresentados,
separados no tempo por quase quatrocentos anos (a primeira edição de OS
LUSÍADAS é de 1572), revelam características formais típicas de suas
respectivas épocas, mas não deixam de apresentar traços em comum. Releia-os com
atenção e:
a) mencione duas características
formais típicas da modernidade que se observam no poema A ONDA;
b) aponte um procedimento rítmico
presente na estrofe de OS LUSÍADAS que é também empregado no poema de Manuel
Bandeira.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.
(Ufscar) Os bons vi sempre passar
No Mundo graves tormentos;
E pera mais me espantar
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado,
Assim que só pera mim
Anda o Mundo concertado.
(Luís
de Camões: Ao desconcerto do Mundo. In: RIMAS. OBRA COMPLETA. Rio de Janeiro:
Aguilar Editora, 1963, p.475-6.)
3. Este curto poema de Camões
compõe-se de partes correspondentes ao destaque dado às personagens (o eu
poemático e os outros). Quanto ao significado, o poema baseia-se em antíteses
desdobradas, de tal maneira trançadas que parecem refletir o "desconcerto
do mundo". Posto isso,
a) identifique a antítese básica do poema
e mostre os seus desdobramentos.
b) Explique a composição do texto com
base nas rimas.
4. O poema está composto com versos de
sete sílabas e na forma conhecida como "esparsa" que, junto com
outras, constituía o estoque de formas medievais que muitos poetas clássicos de
Portugal, dentre os quais Camões, continuaram usando no século XVI e que se
denominavam de "medida velha". Além dessas formas, Camões usou as
italianizantes ou clássicas, que se denominavam de "medida nova".
a) Cite outra forma de "medida
velha" usada por Camões.
b) Cite duas formas de "medida
nova".
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unesp) JACÓ ENCONTRA-SE COM RAQUEL
Depois
disse Labão a Jacó: Acaso, por seres meu parente, irás servir-me de graça? Dize-me, qual será o teu salário? Ora Labão
tinha duas filhas: Lia, a mais velha, e Raquel, a mais moça. Lia tinha olhos
baços, porém Raquel era formosa de porte e de semblante. Jacó amava a Raquel, e
disse: Sete anos te servirei por tua filha mais moça, Raquel. Respondeu Labão:
Melhor é que eu te dê, em vez de dá-la a outro homem; fica, pois, comigo.
Assim,
por amor a Raquel, serviu Jacó sete anos; e estes lhe pareceram como poucos
dias, pelo muito que a amava. Disse Jacó a Labão: Dá-me minha mulher, pois já
venceu o prazo, para que me case com ela. Reuniu, pois, Labão todos os homens
do lugar, e deu um banquete. À noite, conduziu a Lia, sua filha, e a entregou a
Jacó. E coabitaram. (...) Ao amanhecer, viu que era Lia, por isso disse Jacó a
Labão: Que é isso que me fizeste? Não te servi por amor a Raquel? Por que, pois, me enganaste? Respondeu Labão:
Não se faz assim em nossa terra, dar-se a mais nova antes da primogênita.
Decorrida a semana desta, dar-te-emos também a outra, pelo trabalho de mais
sete anos que ainda me servirás.
Concordou
Jacó, e se passou a semana desta; então Labão lhe deu por mulher Raquel, sua
filha. (...) E coabitaram. Mas Jacó amava mais a Raquel do que a Lia; e
continuou servindo a Labão por outros sete anos.
(Gênesis, 29,15-30) BÍBLIA SAGRADA (Trad. João Ferreira de
Almeida.) Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica do Brasil, 1962.
SONETO 88
Sete anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
Que a ela só por prêmio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assi[m] negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,
Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: -Mais servira, se não fora
Pera tão longo amor tão curta a vida!
CAMÕES. OBRA COMPLETA. Rio de Janeiro: Aguilar, 1963, p. 298.
5. O racionalismo é uma das
características mais freqüentes da literatura clássica portuguesa. A logicidade
do pensamento quinhentista repercutiu no rigor formal de seus escritores, e no
culto à expressão das "verdades eternas", sem que isto implicasse
tolhimento da liberdade imaginativa e poética. Com base nestas observações,
releia os dois textos apresentados e;
a) aponte um procedimento literário de
Camões que comprove o rigor formal do classicismo;
b) indique o dado da passagem bíblica
que, por ter sido omitido por Camões, revela a prática da liberdade poética e
confere maior carga sentimental ao seu modo de focalizar o mesmo episódio.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES.(Unesp)
Cessem do sábio Grego e do Troiano
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandre e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
6. A oitava anterior constitui a
terceira estrofe de OS LUSÍADAS, de Luís de Camões, poema épico publicado em
1572, obra máxima do Classicismo português. O tipo de verso que Camões
empregou é de origem italiana e fora introduzido na Literatura Portuguesa
algumas décadas antes, por Sá de Miranda. Quanto ao conteúdo, o poema OS
LUSÍADAS toma como ponto de referência um episódio da História de Portugal.
Baseado nestes comentários e em seus próprios conhecimentos, releia a estrofe
citada e indique:
a) o tipo de verso utilizado (pode
mencionar simplesmente o número de sílabas métricas);
b) o episódio da História de Portugal
que serve de núcleo narrativo ao poema.
7. Uma leitura atenta da estrofe
citada revela que o conteúdo dos primeiros seis versos é retomado e sintetizado
nos últimos dois versos. Interprete a estrofe de acordo com esta observação.
8. (Fuvest) Os paradoxos do sentimento
amoroso constituem um dos temas favoritos de sua poesia lírica, exercitada
sobretudo nos sonetos.
a) De que poeta se trata?
b) Indique um texto do poeta em que
este sentimento contraditório se manifesta.
9. (Fuvest)
I.
I.
"Eis aqui se descobre a nobre
Espanha,
Como cabeça ali de Europa toda"
II.
"Eis aqui quase cume da cabeça
De Europa toda, o reino Lusitano,
Onde a terra se acaba e o mar
começa"
III.
"A Europa jaz, posta nos
cotovelos:
De Oriente a Ocidente jaz fitando,
E toldam-lhe românticos cabelos
Olhos gregos lembrando.
O cotovelo esquerdo é recuado,
O direito é em ângulo disposto
Aquele diz Itália onde é pousado;
Este diz Inglaterra, onde afastado,
A mão sustenta, em que se apóia o
rosto.
Fita com olhar sphyngico e fatal.
O Ocidente futuro do passado.
O rosto com que fita é Portugal."
Os textos I e II iniciam
respectivamente as estâncias 17 e 20 do canto III d' "Os Lusíadas",
de Luís Vaz de Camões, e o texto III é um poema do livro Mensagem, de Fernando
Pessoa.
a) A que movimento literário pertence
cada um dos autores?
b) De que recurso comum aos dois
textos se valem os autores para elaborar a descrição da Europa?
10. (Fuvest) Responda às seguintes
questões sobre "Os Lusíadas", de Camões:
a) Identifique o narrador do episódio
no qual está inserida a fala do Velho do Restelo.
b) Compare, resumidamente, os
principais valores que esse narrador representa, no conjunto de "Os
Lusíadas", aos valores defendidos pelo Velho do Restelo, em sua fala.
11. (Unicamp) "Amor é fogo que
arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;"
(Lírica
de Camões, seleção, prefácio e Notas de MASSAUD MOISÉS, S. P., Ed. Cultrix,
1963)
"Terror de te amar num sítio tão
frágil como o mundo.
Mal de te amar neste lugar de
imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos
separa."
(SOPHIA
DE MELLO BREYNER ANDRESEN, "Terror de te amar", em Antologia Poética)
Dos dois textos transcritos, o
primeiro é de Luís Vaz de Camões (século XVI) e o segundo, de Sophia de Mello
Breyner Andresen (século XX). Compare-os, discutindo, através de critérios
formais e temáticos, aspectos em que ambos se aproximam e apectos em que ambos
se distanciam um do outro.
12. (Unicamp) Leia o seguinte soneto
de Camões:
Oh! Como se me alonga, de ano em ano,
a peregrinação cansada minha.
Como se encurta, e como ao fim caminha
este meu breve e vão discurso humano.
Vai-se gastando a idade e cresce o
dano;
perde-se-me um remédio, que inda
tinha.
Se por experiência se adivinha,
qualquer grande esperança é grande
engano.
Corro após este bem que não se
alcança;
no meio do caminho me falece,
mil vezes caio, e perco a confiança.
Quando ele foge, eu tardo; e, na
tardança,
se os olhos ergo a ver se inda parece,
da vista se me perde e da esperança.
a) Na primeira estrofe, há uma
contraposição expressa pelos verbos "alongar" e "encurtar".
A qual deles está associado o cansaço da vida e qual deles se associa à
proximidade da morte?
b) Por que se pode afirmar que existe
também uma contraposição no interior do primeiro verso da segunda estrofe?
c) A que termo se refere o pronome
"ele" da última estrofe?
13. (Unicamp) "Mas um velho, de
aspecto venerando,
(...)
A voz pesada um pouco alevantando,
(...)
Tais palavras tirou do experto* peito:
- Ó glória de mandar, ó vã cobiça.
Desta vaidade a quem chamamos Fama.
Ó Fraudulento gosto, que se atiça
Cua aura popular, que honra se
chama."
(Camões,
OS LUSÍADAS, canto IV)
"... e então uma grande voz se
levanta, é um labrego** de tanta idade já que o não quiseram, e grita subido a
um valado***, que é púlpito dos rústicos. Ó glória de mandar, ó vã cobiça, ó
rei infame, ó pátria sem justiça, e tendo assim clamado, veio dar-lhe o
quadrilheiro uma cacetada na cabeça, que ali mesmo o deixou por morto."
(José
Saramago, MEMORIAL DO CONVENTO, p.293)
*experto - que tem experiência
**labrego - indivíduo grosseiro, rude,
tosco (...)
***valado - elevação de terra que
limita propriedade rústica
(Novo
Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa)
Confrontando os fragmentos
anteriores, percebe-se que MEMORIAL DO
CONVENTO dialoga com os clássicos. O episódio do Velho do Restelo, do Canto IV
de OS LUSÍADAS, refere-se ao engajamento voluntário dos portugueses na grande
empresa que foi a descoberta de novos mundos. Já no MEMORIAL DO CONVENTO,
entretanto, o recrutamento para Mafra deu-se, em geral, à força.
a) Cite ao menos uma razão que levou
"o rei infame" de MEMORIAL DO CONVENTO a tornar obrigatório o engajamento
de todos os operários do reino, quaisquer que fossem suas profissões.
b) Quem era esse "rei
infame" a que se refere o trecho citado e em que século essa ação do
romance se passa?
c) Aponte, no trecho, ao menos uma
passagem que indique a irreverência de Saramago em relação ao texto de Luís de
Camões.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Unesp) LÍNGUA PORTUGUESA
Olavo
Bilac
Última flor do Lácio, inculta e bela
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos
vela...
Amo-te assim desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu
filho!"
E em que Camões chorou, no exílio
amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem
brilho!
em
TARDE (1919)
LÍNGUA
Caetano
Veloso (a Violeta Gervaiseau)
Gosto de sentir a minha língua roçar
A língua de Luís de Camões.
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões.
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa,
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade.
E quem há de negar que esta lhe é
superior?
E deixa os portugais morrerem à
míngua,
"Minha pátria é minha
língua"
- Fala Mangueira!
Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode
Esta língua?
em VELÔ (1984)
14. Além de Luís de Camões, que
aparece mencionado nos dois textos, o poema de Caetano menciona outros dois
escritores. Cite pelo menos uma obra importante de cada um destes dois
literatos.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Pucsp) I - Um mover de olhos, brando
e piedoso,
sem ver de quê; um riso brando e honesto,
quase forçado; um doce e humilde gesto,
de qualquer alegria duvidoso;
(...)
esta foi a celeste formosura
da minha Circe, e o mágico veneno
que pôde transformar meu pensamento.
(Luis
de Camões)
II - Uma noite, eu me lembro... Ela
dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.
(Castro
Alves)
III - Um dia ela veio para rede,
se enroscou nos meus braços,
me deu um abraço,
me deu as maminhas
que eram só minhas.
A rede virou,
O mundo afundou.
(Carlos
Drummond de Andrade)
15. Os três fragmentos tratam do mesmo
tema, ou seja, a figura feminina. Tendo em vista essa temática, assinale a
alternativa INCORRETA.
a) O fragmento I trata a figura
feminina de maneira idealizada, transfigurada, divinizada, tornando a relação
amorosa impossível.
b) O fragmento II trata a figura
feminina de maneira humana, carnal, sensual, tornando a relação amorosa
possível.
c) O fragmento III trata a figura
feminina de maneira humana, carnal, sensual, tornando a relação amorosa
materializada.
d) Os três fragmentos representam,
respectivamente, a figura feminina em concepções diferenciadas, ou seja,
clássica, romântica e moderna.
e) Os três fragmentos, ao retratarem a
figura feminina, desviam-se dos princípios literários românticos e modernos.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
(Fuvest-gv) "Busque Amor novas
artes, novo engenho
para matar-me, e novas esquivanças;
que não pode tirar-me as esperanças
que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
vede que perigosas seguranças:
que não temo contrastes nem mudanças
andando em bravo mar perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê;
que dias há que na alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde
vem não sei como e dói não sei
porquê."
16. Relido o poema de dois quartetos e
dois tercetos com versos decassílabos heróicos e esquema rimático abba - abba -
cde - cde, e considerada a elaboração estética da linguagem com que é tratado o
tema, assinalar a alternativa que nomeia que tipo de poema é, o seu autor e o
movimento literário em que este se enquadra:
a) redondilha Gil Vicente - Humanismo
b) soneto - Camões - Classicismo
c) soneto - Gregório de Matos -
Barroco
d) lira - Cláudio Manuel da Costa -
Arcadismo
e) lira - Camões - Maneirismo
17. (Fuvest) Na LÍRICA de Camões,
a) o metro usado para a composição dos
sonetos é a redondilha maior.
b) encontram-se sonetos, odes, sátiras
e autos.
c) cantar a Pátria é o centro das
preocupações.
d) encontra-se uma fonte de inspiração
de muitos poetas brasileiros do século XX.
e) a Mulher é vista em seus aspectos
físicos, despojada de espiritualidade.
18. (Fuvest) "Amor é um fogo que arde sem se ver,
É
ferida que dói e não se sente;
É
um contentamento descontente,
É
dor que desatina sem doer."
De poeta muito conhecido, esta é a
primeira estrofe de um poema que parece comprazer-se com o paradoxo, enfeixando
sensações contraditórias do sentimento humano, se examinadas sob o prisma da
razão.
Indique, na relação a seguir, o nome
do autor.
a) Bocage.
b) Camilo Pessanha.
c) Gil Vicente.
d) Luís de Camões.
e) Manuel Bandeira.
19. (Fuvest) Considere as seguintes
afirmações sobre a fala do Velho do Restelo, em "Os Lusíadas":
I. No seu teor de crítica às
navegações e conquistas, encontra-se refletida e sintetizada a experiência das
perdas que causaram, experiência esta já acumulada na época em que o poema foi
escrito.
lI. As críticas aí dirigidas às
grandes navegações e às conquistas são relativizadas pelo pouco crédito
atribuído a seu emissor, já velho e com um "saber só de experiências
feito".
III. A condenação enfática que aí se
faz à empresa das navegações e conquistas revela que Camões teve duas atitudes
em relação a ela: tanto criticou o feito quanto o exaltou.
Está correto apenas o que afirma em
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) I e III.
20. (Fuvest) Em "Os
Lusíadas", as falas de Inês de Castro e do Velho do Restelo têm em comum
a) a ausência de elementos de
mitologia da Antigüidade clássica.
b) a presença de recursos expressivos
de natureza oratória.
c) a manifestação de apego a Portugal,
cujo território essas personagens se recusavam a abandonar.
d) a condenação enfática do heroísmo
guerreiro e conquistador.
e) o emprego de uma linguagem simples
e direta, que se contrapõe à solenidade do poema épico.
21. (Mackenzie) Texto1:
"Sôbolos rios que vão
Por Babilônia, me achei,
Onde sentado chorei
as lembranças de Sião
E quanto nela passei."
Texto 2:
"Enquanto quis Fortuna que
tivesse
Esperança de algum contentamento,
O gosto de um suave pensamento
Me fez que seus efeitos escrevesse.
Porém, temendo Amor que aviso desse
Minha escritura a algum juízo isento
Escureceu-me o engenho ao tormento,
Para que seus enganos não dissesse.
Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos
A diversas vontades! Quando lerdes
Num breve livro casos tão diversos,
Verdades puras são e não defeitos.
E sabei que, segundo o amor tiverdes,
Tereis o entendimento de meus
versos."
Sobre os textos acima, é correto
afirmar que:
a) o primeiro faz parte de uma cantiga
trovadoresca.
b) ambos pertencem à obra de Camões,
sendo o primeiro um exemplo de medida velha e o segundo, de medida nova.
c) o primeiro foi extraído de um auto
vicentino e o segundo, de um autor barroco.
d) pertencem ao Cancioneiro Geral de
Garcia de Resende.
e) têm aspectos evidentemente
barrocos, fazendo parte, portanto, da lírica de Gregório de Matos.
22. (Mackenzie) Na passagem da Idade
Média para o Renascimento, dois escritores portugueses se destacaram, por
apresentar características que já previam uma nova tendência filosófica e
artística.
Trata-se de:
a) Fernão Lopes e Gil Vicente.
b) Camões e Bocage.
c) D. Dinis e Paio Soares de Taveirós.
d) Pe. Vieira e Gregório de Matos.
e) Garcia de Resende e Aires Teles.
23. (Mackenzie) O tom pessimista
apresentado por Camões no epílogo de "Os Lusíadas" aparece em outro
momento do poema. Isso acontece no episódio:
a) do Gigante Adamastor.
b) do Velho do Restelo.
c) de Inês de Castro.
d) dos Doze de Inglaterra.
e) do Concílio dos Deuses.
24. (Mackenzie) Põe-me onde se use
toda a feridade,
Entre leões e tigres, e verei
Se neles achar posso a piedade
Que entre peitos humanos não achei.
Ali, co'o amor intrínseco e vontade
Naquele por quem morro, criarei
Estas relíquias suas, que aqui viste,
Que refrigério sejam da mãe triste.
O trecho evidencia características:
a) da poesia trovadoresca.
b) do Barroco português.
c) de um auto vicentino.
d) da poesia lírica de Antero de
Quental.
e) da poesia épica camoniana.
25. (Mackenzie) Sobre OS LUSÍADAS, é
INCORRETO afirmar que:
a) é dividido em cinco partes e dez
cantos.
b) o Canto I contém a introdução, a
invocação, a dedicatória e o início da narrativa.
c) a pedido do rei de Melinde, Vasco
da Gama conta partes da história de Portugal.
d) os deuses reúnem-se no Olimpo para
decidir a sorte dos portugueses.
e) no Canto X, a fala do Velho de
Restelo acusa os portugueses de vaidade e cobiça excessivas.
26. (Pucsp) Tu só, tu, puro amor, com
força crua
Que os corações humanos tanto obriga,
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua
Nem com lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano,
Tuas aras banhar em sangue humano.
Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruito,
Naquele engano da alma ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuito,
Aos montes ensinando e às ervinhas,
O nome que no peito escrito tinhas.
"Os Lusíadas", obra de
Camões, exemplificam o gênero épico na poesia portuguesa, entretanto oferecem
momentos em que o lirismo se expande, humanizando os versos. O episódio de Inês
de Castro, do qual o trecho acima faz parte, é considerado o ponto alto do
lirismo camoniano inserido em sua narrativa épica. Desse episódio, como um
todo, pode afirmar-se que seu núcleo central
a) personifica e exalta o Amor, mais
forte que as conveniências e causa da tragédia de Inês.
b) celebra os amores secretos de Inês
e de D. Pedro e o casamento solene e festivo de ambos.
c) tem como tema básico a vida simples
de Inês de Castro, legítima herdeira do trono de Portugal.
d) retrata a beleza de Inês, posta em
sossego, ensinando aos montes o nome que no peito escrito tinha.
e) relata em versos livres a paixão de
Inês pela natureza e pelos filhos e sua elevação ao trono português.
27. (Uel) À curiosidade geográfica e
humana e ao desejo de conquista e domínio corresponde, inicialmente, o
deslumbramento diante da paisagem exótica e exuberante da terra
recém-descoberta, testemunhado pelos cronistas portugueses
a) Gonçalves de Magalhães e José de
Anchieta.
b) Pero de Magalhães Gândavo e Gabriel
Soares de Sousa.
c) Botelho de Oliveira e José de
Anchieta.
d) Gabriel Soares de Sousa e Gonçalves
de Magalhães.
e) Botelho de Oliveira e Pero de
Magalhães Gândavo.
28. (Uflavras) Todas as alternativas
são corretas sobre o Padre José de Anchieta, EXCETO:
a) Foi o mais importante jesuíta em
atividade no Brasil do século XVI.
b) Foi o grande orador sacro da língua
portuguesa, com seus sermões barrocos.
c) Estudou o tupi-guarani, escrevendo
uma cartilha sobre a gramática da língua dos nativos.
d) Escreveu tanto uma literatura de
caráter informativo como de caráter pedagógico.
e) Suas peças apresentam sempre o
duelo entre anjos e diabos.
29. (Ufrs) Leia o soneto abaixo, de
Luís de Camões.
Um mover de olhos, brando e piedoso,
sem ver de quê; um riso brando e
honesto,
quase forçado, um doce e humilde
gesto,
de qualquer alegria duvidoso;
um despejo quieto e vergonhoso;
um desejo gravíssimo e modesto;
um pura bondade manifesto
indício da alma, limpo e gracioso;
um encolhido ousar, uma brandura;
um medo sem ter culpa, um ar sereno;
um longo e obediente sofrimento:
Esta foi a celeste formosura
da minha Circe, e o mágico veneno
que pôde transformar meu pensamento.
Em relação ao poema acima, considere
as seguintes afirmações.
I- O poeta elabora um modelo de mulher
perfeita e superior, idealizando a figura feminina.
II- O poeta não se deixa seduzir pela
beleza feminina, assumindo uma atitude de insensibilidade.
III- O poeta sugere o desejo erótico
ao referir a figura mitológica de Circe.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas III.
c) Apenas I e II.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.
30. (Unesp) Leia as estrofes seguintes
e assinale a alternativa INCORRETA:
"Mas um velho, de aspeito
venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
Com saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do esperto peito:
"Ó glória de mandar, ó vã cobiça
Desta vaidade, a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
Com a aura popular, que honra se
chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que
tormentas,
Que crueldades neles
exprimentas!"
(Camões)
"Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães
choraram,
Quantos filhos em vão resaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!"
(Fernando
Pessoa)
a) Através do tema tratado nas
estrofes citadas, podemos dizer que as mesmas pertencem a dois grandes poemas
épicos da Literatura Portuguesa: OS LUSÍADAS e MENSAGEM.
b) Nessas estrofes, os dois poemas
relacionam-se ao mencionarem aspectos negativos das expedições portuguesas.
c) No poema de Camões todas as
estrofes apresentam oito versos em decassílabos heróicos; no poema de Pessoa
não há a mesma regularidade.
d) Uma das estrofes d'OS LUSÍADAS
revela a fala do Velho do Restelo criticando os sentimentos de glória e cobiça
na empresa portuguesa.
e) Os dois poemas não podem ser
relacionados porque, além de um ser épico e o outro lírico, um pertence ao
Renascimento e o outro ao Modernismo.
31. (Fuvest) I.
''Entre brumas, ao longe, surge a
aurora.
O hialino orvalho aos poucos se
evapora,
Agoniza
o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece, na paz do céu risonho,
Toda
branca de sol"
II.
"Quando em meu peito rebentar-se
a fibra,
Que o espírito enlaça a dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em
pálpebra demente."
III.
"Por um lado te vejo como um seio
murcho
pelo outro como um ventre de cujo
umbigo pende
[ainda
o cordão placentário.
És vermelha como o amor divino
Dentro de ti em pequenas pevides
Palpita a vida prodigiosa
Infinitamente."
IV.
"Transforma-se o amador na cousa
amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte
desejada."
Na ordem em que estão transcritos, os
fragmentos se enquadram respectivamente nos seguintes movimentos literários:
a) I. Simbolismo, II. Romantismo, III.
Modernismo, IV. Classicismo;
b) I. Modernismo, II. Simbolismo, III
Classicismo, IV. Romantismo;
c) I. Romantismo, II. Modernismo, III.
Simbolismo, IV. Classicismo;
d) I. Classicismo, II. Romantismo,
III. Modernismo, IV. Simbolismo;
e) I. Simbolismo, II. Classicismo,
III. Romantismo, IV. Modernismo.
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