Análise Sintática: Período Simples
I- Termos Essenciais da Oração: Sujeito e predicado
Classificação
do Sujeito: simples; composto; desinencial; indeterminado; inexistente.
1-
Sujeito
Simples: O
sujeito da oração apresenta apenas um substantivo ou pronome como núcleo.
Ex.: Faltou-me coragem naquele momento.
2-
Sujeito
Composto: O
sujeito apresenta dois núcleos ou mais.
Ex.: Música e literatura fazem bem `a alma. Núcleo: música e literatura
3- Sujeito desinencial,
oculto, subentendido ou elíptico: A terminação verbal (desinência) dispensa o uso do pronome
pessoal correspondente, ficando o sujeito implícito ou subentendido. Mesmo sem
aparecer na oração sabemos qual é o sujeito por causa da terminação do verbo.
Ex.: Levamos os livros. Quem
levou os livros? Nós.
Sinto
muito a falta deles. Quem sente muito? Eu.
3-
Sujeito
Indeterminado:
O verbo aparece conjugado na 3a. pessoa do plural para indicar que não se quer
ou não se pode identificar claramente a quem o predicado da oração se refere. Ex.: Levaram os livros.
Para indeterminar o sujeito pode-se
colocar o verbo na 3a. pessoa do singular, acompanhado do pronome SE, que atua como índice de indeterminação do
sujeito. Essa construção ocorre com verbos transitivos indiretos,
intransitivos, e de ligação,. O verbo fica obrigatoriamente no singular.
Ex.: Precisa-se de mais
livros./ Vive-se melhor fora das cidades grandes./ É- se muito ingênuo na
adolescência.
4-
Oração sem
sujeito:
nesse tipo de oração, formada apenas pelo predicado, temos os verbos
impessoais. São eles:
a) verbos
que exprimem fenômeno da natureza. Ex.:
Anoiteceu docemente sobre a cidadezinha.
b) os
verbos estar, ser, fazer e haver
quando usados para indicar ideia de tempo
ou fenômeno natural.
Ex.: Está cedo./ É tarde./ Eram nove e quinze./
Há meses não vejo sua prima./ Faz dois anos que não recebo cartas dela./Deve
fazer alguns meses que não conversamos./ São dez horas.
c)
o verbo haver,
quando exprime existência ou acontecimento.
Ex.: Há boas razões para suspeitarmos dele./
Houve vários bate-bocas durante a assembléia./ Deve haver muitos interessados
em livros antigos.
Com
exceção do verbo ser que concorda com o predicado e pode, portanto, ir para o
plural, os outros verbos impessoais ficam sempre na 3a. pessoa do singular.
Classificação
do Predicado: verbal; nominal e verbo-nominal.
1-
Predicado
verbal: no
predicado verbal o núcleo é sempre o verbo, que deve ser nocional, indica ação.
Ex.: “Perdi o bonde e a esperança.” C.D. de Andrade./Os
alunos foram informados da
alteração.
Ninguém
gosta de ingratidão.
2-
Predicado
nominal: o
núcleo é sempre um nome - substantivo, adjetivo - que desempenha função de predicativo do sujeito, termo que caracteriza o sujeito, tendo com
intermediário um verbo de ligação.
Os verbos de ligação exprimem diferentes circunstâncias relativas ao estado, às características ou à mudança
de estado do sujeito, ao mesmo tempo que o ligam ao predicativo.
Exemplos: A vida é tênue./ Ele
está exausto./ Permanecemos calados./ A taxa de mortalidade
infantil continua elevada./ Um simples motorista virou celebridade
nacional./ O professor parece tranqüilo./ O salvador da pátria acabou
cassado./ Ele se acha acamado.
Analisando
essas orações temos:
Verbos de ligação: ser, estar, parecer,
continuar, permanecer, virar, acabar e achar
Predicativos do Sujeito: tênue, exausto, calados,
elevada, celebridade nacional, tranqüilo, cassado, acamado.
II- Termos Integrantes da Oração
A - Complementos verbais: os verbos nocionais podem
ou não ser acompanhados de complementos. Os verbos que não são seguidos de complementos
são chamados de intransitivos.
·
Um fato interessante ocorreu.
Os que
apresentam complemento são chamados de transitivos.
Os transitivos por sua vez são subclassificados em transitivos diretos (quando não usar preposição para se ligar ao
complemento) e indiretos (quando
usar preposição para se ligar ao complemento). Os complementos verbais recebem
o nome de objeto e podem ser de dois tipos:
1)
Objeto direto: é o complemento verbal que
se liga ao verbo sem preposição.
·
“Solto a voz nas estradas” (M.
Nascimento).
O verbo soltar
se liga ao seu complemento (a voz) sem
preposição obrigatória é, portanto, transitivo direto e o objeto é direto.
2)
Objeto
indireto: é
o complemento verbal que se liga ao verbo com
preposição.
·
O país precisa de grandes investimentos em saúde e educação.
Há
também os verbos bitransitivos, ou seja,
aqueles que exigem dois complementos: um sem e outro com preposição.
Veja:
·
Informei os preços dos produtos aos
clientes interessados.
V.
T. direto e indireto
Objeto direto
Objeto indireto
PREPOSIÇÃO é uma palavra invariável que relaciona dois
termos. Nessa relação, um termo vai explicar ou complementar o sentido do
outro. As principais preposições são: a, ante, após, até, com, contra, de,
desde, em, entre, para (pra), perante, por, sem, sob, sobre, trás.
B - Complemento nominal: A transitividade não é
privilégio dos verbos: há também nomes (substantivos, adjetivos e advérbios)
transitivos. Isso significa que determinados substantivos, adjetivos e
advérbios se fazem acompanhar de complementos. Esses complementos são
chamados complementos nominais e são sempre introduzidos por uma preposição.
Observe:
- Espero que você tenha
feito uma boa leitura do texto.
Leitura é, nessa oração, núcleo do objeto indireto
da locução verbal “tenha feito”. Note que, nessa oração, fez-se a leitura de
algo. Leitura é, portanto, um nome transitivo, e “do texto” é seu complemento
nominal.
·
Você precisa ser fiel aos princípios
do partido.
Fiel é, nessa oração, núcleo do predicativo do sujeito você.
É preciso ser fiel a algo. “Aos princípios do partido” completa o
adjetivo fiel; é, portanto, um complemento nominal.
·
Ele mora perto de uma grande área
industrial.
Perto
é o núcleo de um adjunto adverbial de lugar. Perceba que o advérbio perto
precisa de um complemento: perto de algo ou de alguém. “De uma
grande área industrial” é complemento nominal do advérbio perto.
·
Não posso ser-lhe fiel.
O pronome lhe tem valor de a
alguém (fiel a alguém); é, portanto, o complemento nominal do adjetivo fiel,
que atua como núcleo do predicativo do sujeito.
Esses
nomes de sentido incompleto são, geralmente derivados de verbos transitivos:
Verbo + objeto substantivo + complemento nominal
Invadiram
a várzea invasão da casa
Venderam
imóvel venda
do imóvel
Destruíram
a casa destruição da casa
C - Agente da passiva
Além
da flexão de modo, tempo, pessoa e número, o verbo possui flexão de voz.
Essa indica a relação que ocorre entre o sujeito de um verbo e o processo que
esse mesmo verbo expressa. Observe a oração seguinte:
·
O presidente aprovou as medidas econômicas.
O sujeito dessa oração é “o presidente”; “as medidas
econômicas” é objeto direto da forma verbal aprovou. “O presidente” é também o agente
do processo verbal, ou seja, é o termo que indica quem executa a ação expressa
pelo verbo; “as medidas econômicas” é o paciente desse processo verbal,
poi é o termo que indica aquilo ou aquele que sofre a ação expressa pelo verbo.
Assim teremos:
·
Voz ativa: Invadiram aquela
casa.
·
Voz passiva: Aquela casa
foi invadida.
·
Voz passiva analítica:
Invadiu-se aquela casa. (Só ocorre com verbos transitivos diretos e
bitransitivos)
O pronome se recebe o nome de partícula
apassivadora.
Agente da passiva é o termo
que indica o ser que pratica a ação quando o verbo está na voz passiva:
·
Essa situação já era
conhecida de todos.
Sujeito paciente Agente da passiva
III -Termos acessórios da
oração
A- Adjunto
adnominal é
termo que especifica ou delimita o significado de um substantivo e pode
ser expresso por:
a) adjetivo: Festa gastronômica
agita Parati.
b) locução adjetiva: Bolsas de
estudo são oferecidas para alunos de escolas públicas.
c) artigo
e pronome: A genética supera seus preconceitos.
d) numeral:
As três irmãs nunca se separavam.
B- Adjunto
adverbial é
o termo da oração que indica circunstância do fato expresso pelo verbo ou
intensifica o sentido de um verbo, do adjetivo e do advérbio.
Classificação
Tempo: Naquele momento quis sair correndo.
Lugar: Sou um lírio na correnteza.
Modo: Volta pacientemente ao ponto de partida para
recomeçar
Causa: As crianças gritam de dor
Companhia: Só saía com os pais
Instrumento: Batia com a caneta no livro
Intensidade: A mulher se diverte muito no trabalho.
Dúvida: Talvez ela se digne a falar comigo.
Negação: O suposto mar não passaria de um deserto
gelado.
Afirmação: Certamente ela virá.
C- Aposto é um termo que se junta a
outro de valor substantivo ou pronominal para explicá-lo ou especificá-lo
melhor. Vem separado dos demais termos da oração por vírgula, dois-pontos ou
travessão.
Por exemplo: Ontem, segunda-feira, passei o
dia com dor de cabeça.
Segunda-feira é aposto do
adjunto adverbial de tempo ontem. Dizemos que o aposto é sintaticamente
equivalente ao termo a que se relaciona porque poderia substituí-lo. Veja: Segunda-feira
passei o dia com dor de cabeça.
Obs.: após a eliminação de ontem, o substantivo
segunda-feira assume a função de adjunto
adverbial de tempo.
Classificação do Aposto
De acordo com a relação que estabelece com o termo a
que se refere, o aposto pode ser classificado em:
a) Explicativo: A Ecologia, ciência que
investiga as relações dos seres vivos entre si e com o meio em que vivem,
adquiriu grande destaque no mundo atual.
b) Enumerativo: A vida humana se compõe de
muitas coisas: amor, trabalho, ação.
c) Resumidor ou Recapitulativo: Vida digna,
cidadania plena, igualdade de oportunidades, tudo isso está na base de
um país melhor.
d) Comparativo: Seus olhos, indagadores
holofotes, fixaram-se por muito tempo na baía anoitecida.
e) Distributivo: Drummond e Guimarães Rosa
são dois grandes escritores, aquele na poesia e este na prosa.
f) Aposto de Oração: Ela correu durante uma
hora, sinal de preparo físico.
g) Especificativo: além desses, há o aposto
especificativo, que difere dos demais por não ser marcado por sinais de
pontuação (vírgula ou dois-pontos). O aposto especificativo individualiza um
substantivo de sentido genérico, prendendo-se a ele diretamente ou por meio de
uma preposição, sem que haja pausa na entonação da frase. Ex.: O poeta Manuel
Bandeira criou obra de expressão simples e temática profunda.
A rua Augusta
está muito longe do rio São Francisco.
Atenção:
Para não confundir o aposto de especificação
com adjunto adnominal, observe a seguinte frase:
A obra de Camões é símbolo da cultura
portuguesa.
Nessa oração, o termo em destaque tem a
função de adjetivo: a obra camoniana. É, portanto, um adjunto adnominal.
1) Às vezes, o aposto pode vir precedido de
expressões explicativas do tipo: a saber, isto é, por exemplo, etc.
Por Exemplo: Alguns alunos, a saber, Marcos,
Rafael e Bianca não entraram na sala de aula após o recreio.
2) O aposto pode aparecer antes do termo a que se
refere. Por Exemplo: Código universal, a música não tem fronteiras.
3) O aposto que se refere ao objeto indireto,
complemento nominal ou adjunto adverbial pode aparecer precedido de preposição.
Por Exemplo: Estava deslumbrada com tudo: com a aprovação, com o ingresso
na universidade, com as felicitações.
D- Vocativo
é um termo
que não possui relação sintática com outro termo da oração. Não pertence,
portanto, nem ao sujeito nem ao predicado. É o termo que serve para chamar,
invocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético. Por seu caráter, geralmente se relaciona à
segunda pessoa do discurso. Veja os exemplos: Não fale tão alto, Rita!
Vocativo
Senhor presidente, queremos nossos direitos!
Vocativo
A vida, minha amada, é feita de escolhas.
Vocativo
Nessas orações, os termos
destacados são vocativos: indicam e nomeiam o interlocutor a que se está
dirigindo a palavra. Obs.: o vocativo pode vir antecedido por interjeições de
apelo, tais como ó, olá, eh!, etc.
Por Exemplo:
Ó Cristo, iluminai-me em minhas decisões.
Olá professora, a senhora está muito elegante hoje!
Eh! Gente, temos que estudar mais.