Questões Realismo
Fuvest
Ao criticar "O Primo Basílio", Machado de Assis
afirmou: "(...) a Luísa é um caráter negativo, e no meio da ação ideada
pelo autor, é antes um títere que uma pessoa moral."
Títere é um boneco mecânico, acionado por cordéis
controlados por um manipulador. Nesse sentido, as personagens que,
principalmente, manipulam Luísa, determinando-lhe o modo de agir, são:
a) Basílio e Juliana.
b) Jorge e Justina.
c) Jorge, Conselheiro Acácio e Juliana.
d) Basílio, Leopoldina e Conselheiro Acácio.
e) Jorge e Leopoldina.
Luísa espreguiçou-se. Que seca ter de se ir vestir!
Desejaria estar numa banheira de mármore cor-de-rosa, em água tépida, perfumada
e adormecer! Ou numa rede de seda, com as janelinhas cerradas, embalar-se,
ouvindo música!(...)
Tornou a
espreguiçar-se. E saltando na ponta do pé descalço, foi buscar ao aparador por
detrás de uma compota um livro um pouco enxovalhado, veio estender-se na
"voltaire", quase deitada, e, com o gesto acariciador e amoroso dos
dedos sobre a orelha, começou a ler, toda interessada.
Era a
"Dama das Camélias". Lia muitos romances; tinha uma assinatura, na
Baixa, ao mês.
Nesse excerto, o narrador de "O primo Basílio"
apresenta duas características da educação da personagem Luísa que serão objeto
de crítica ao longo do romance.
a) Quais são essas características?
b) Explique de que modo elas contribuem para o destino da
personagem.
a) Passividade indolente e gosto
pela literatura romântica.
b) O mundo de sonhos dos românticos,
cheio de aventuras, incentiva Luísa a cometer adultério e sua indolência
afronta Juliana, que a chantageia.
Com essa história enjoada de traiu ou não traiu, de Capitu
ser anjo ou demônio, o leitor de Dom Casmurro acaba se esquecendo do
fundamental: as memórias são do velho narrador, não da mulher, e o autor é
Machado de Assis, e não um escritor romântico dividido entre mistérios.
Aceitas as observações anteriores, o leitor de Dom Casmurro
deverá
a) identificar o ponto de vista de Capitu, considerando
ainda o universo próprio da ficção naturalista.
b) reconhecer os limites do tipo de
narrador adotado, subordinando-o ao peculiar universo de valores do autor.
c) aceitar os juízos do velho narrador, por meio de quem se
representa a índole confessional de Machado de Assis.
d) rejeitar as acusações do jovem Bentinho, preferindo-lhes
a relativização promovida pelo velho narrador.
e) relativizar o ponto de vista da narração, cuja
ambigüidade se deve à personalidade oblíqua de Capitu.
Ao criticar "O Primo Basílio", Machado de Assis afirmou:
"(...) a Luísa é um caráter negativo, e no meio da ação ideada pelo autor,
é antes um títere que uma pessoa moral."
Títere é um boneco mecânico, acionado por cordéis
controlados por um manipulador. Nesse sentido, as personagens que,
principalmente, manipulam Luísa, determinando-lhe o modo de agir, são:
a) Basílio e Juliana.
b) Jorge e Justina.
c) Jorge, Conselheiro Acácio e Juliana.
d) Basílio, Leopoldina e Conselheiro Acácio.
e) Jorge e Leopoldina.
Assinalar a afirmação correta a respeito de O Ateneu,
romance de Raul Pompéia:
a) romance de formação que avalia a
experiência colegial, por meio de Sérgio, alter-ego do autor.
b) romance romântico que explora as relações pessoais de
adolescentes no colégio, acenando para o homossexualismo latente.
c) romance naturalista que retrata a tirania do diretor do
colégio e o maternalismo de sua mulher para com os alunos.
d) romance realista que apresenta um padrão de excelência da
escola brasileira do final do império.
e) romance da escola do Brasil no final do império, cuja
falência vem assinalada pelo incêndio do prédio, no final da narrativa.
A narração dos acontecimentos com que o leitor se defronta
no romance "Dom Casmurro", de Machado de Assis, se faz em primeira
pessoa, portanto, do ponto de vista da personagem Bentinho. Seria, pois,
correto dizer que ela se apresenta:
a) fiel aos fatos e perfeitamente adequada à realidade;
b) viciada pela perspectiva
unilateral assumida pelo narrador;
c) perturbada pela interferência de Capitu que acaba por
guiar o narrador;
d) isenta de quaisquer formas de interferência, pois visa à
verdade;
e) indecisa entre o relato dos fatos e a impossibilidade de
ordená-los.
Assinalar a alternativa que transcreve passagem do romance
"Quincas Borba", de Machado de Assis:
a) "Era o 'Quincas Borba', o gracioso menino de outro
tempo, o meu companheiro de colégio, tão inteligente e abastado. Quincas
Borba!"
b) "Saberia Rubião que o nosso
Quincas Borba trazia aquele grãozinho de sandice, que um médico supôs
achar-lhe? Seguramente, não; tinha-o por homem esquisito."
c) "Era tarde para mandar o camarote a Escobar; saí,
mas voltei no fim do primeiro ato. Encontrei Escobar à porta do corredor."
d) "Sim, a lamparina ia morrendo, mas ainda podia dar
luz ao regresso de Paulo. Quando Flora o viu entrar e ajoelhar-se outra vez, ao
pé do irmão, e ambos dividirem entre si as mãos dela, mansos e cordatos, ficou
longamente atônita."
e) "Tristão e Fidélia desceram hoje e Aguiar os foi
buscar à Prainha. Dali vieram almoçar ao Flamengo, onde D. Carmo esperava os
recém-casados e os abraçou cheia de coração."
Unicamp
No capítulo VII de O ATENEU, ao descrever a exposição de
quadros dos alunos do colégio, o narrador assim se refere aos sentimentos de
Aristarco:
"Não
obstante, Aristarco se sentia lisonjeado pela intenção. Parecia-lhe ter na face
a cocegazinha sutil do creion
passando, brincando na ruga mole da pálpebra, dos pés-de-galinha, cortando
a concha da orelha, calcando a comissura
dos lábios, entrevista na franja pelas dobras oblíquas da pele do nariz,
varejando a pituitária, extorquindo um espirro agradável e desopilante."
a) A que intenção se refere o narrador?
b) Quais características de Aristarco estão sugeridas neste
comentário do narrador?
c) Lendo esta descrição você considera que o narrador
compartilha dos mesmos sentimentos de Aristarco? Justifique.
a) A vaidade lisonjeira de ver
grafado seu próprio rosto.
b) A vaidade, o engodo, o orgulho e
a felicidade de ser o diretor do Ateneu.
c) Não, Sérgio, o narrador, ironiza
os sentimentos de Aristarco, pois através do diretor satiriza seu próprio pai e
a sociedade em que vive.
UNESP
Jorge foi heróico durante toda essa tarde. Não podia estar
muito tempo na alcova de Luísa, a desesperação trazia-o num movimento
contraditório; mas ia lá a cada momento, sorria-lhe, conchegava-lhe a roupa com
as mãos trêmulas; e como ela dormitava, ficava imóvel a olhá-la feição por
feição, com uma curiosidade dolorosa e imoral, como para lhe surpreender no
rosto os vestígios de beijos alheios, esperando ouvir-lhe nalgum sonho da febre
murmurar um nome ou uma data; e amava-a mais desde que a supunha infiel, mas
dum outro amor, carnal e perverso. Depois ia-se fechar no escritório, e
movia-se ali entre as paredes estreitas, como um animal numa jaula. Releu a
carta infinitas vezes, e a mesma curiosidade roedora, baixa, vil, torturava-o
sem cessar: Como tinha sido? Onde era o Paraíso? Havia uma cama? Que vestido
levava ela? O que lhe dizia? Que beijos lhe dava?
(in
O PRIMO BASÍLIO - OBRAS COMPLETAS - I. Porto: Lello & Irmãos, s/d, p.1150.)
No trecho apresentado, o narrador descreve as reações de
Jorge, que vive num conflito íntimo entre a piedade e o ódio: tem de cuidar da
esposa Luísa, muito doente, embora tenha sabido, pela leitura de uma carta, que
ela o traíra com Basílio. Nestas poucas linhas se podem perceber várias
características da ficção realista. Aponte duas dessas características.
Aponte como manifestação carnal,
personagens comparados a animais.
ITA
As afirmações a seguir referem-se à obra "Dom Casmurro":
I) Bento Santiago ora manifesta certa condescendência diante
do espetáculo do mundo, apreciando certos prazeres da vida, ora demonstra seu
desencanto em reflexões melancólicas sobre a realidade.
II) Explica-se a obra a partir da vida do autor: o desencanto
diante da vida que ele deixa transparecer é o resultado de sua recusa em
assumir a condição de mulato. Apesar disso, Machado apresenta com pouca
profundidade e com bastante dubiedade a sociedade carioca e brasileira do
século XIX, visto que expõe superficialmente sua estrutura de classes e seus
mecanismos de poder.
III) O rompimento representado por esta obra em relação à
narrativa brasileira anterior ao seu aparecimento é bastante claro no plano da
linguagem, da temática e da estrutura narrativa.
Est(á) (ão) correta(s):
a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas I e III
d) Apenas II e III
e) Todas
OS CÃES
- Lutar.
Podes escachá-los ou não; o essencial¢ é que lutes. Vida é luta. Vida SEM LUTA£
é um mar morto no centro do organismo universal.
DAÍ A POUCO
demos COM UMA BRIGA de cães¤; fato que AOS OLHOS DE UM HOMEM VULGAR não teria
valor. Quincas Borba fez-me parar e observar os cães. Eram dois. Notou que ao
pé deles¥ estava um osso, MOTIVO DA GUERRA, e não deixou de chamar a minha
atenção para a circunstância de que o osso não tinha carne. Um simples osso nu.
Os cães mordiam-se¢, rosnavam, COM O FUROR NOS OLHOS... Quincas Borba meteu a
bengala DEBAIXO DO¦ BRAÇO, e parecia EM ÊXTASE.
- Que belo
que isto é! dizia ele de quando em quando.
Quis
arrancá-lo dali, mas não pude; ele estava arraigado AO CHÃO, e só continuou A
ANDAR, quando a briga cessou£ INTEIRAMENTE, e um dos cães, MORDIDO e vencido,
foi levar a sua fome A OUTRA PARTE. Notei que ficara sinceramente ALEGRE,
posto§ contivesse a ALEGRIA, segundo convinha a um grande filósofo. Fez-me
observar a beleza do espetáculo, relembrou o objeto da luta, concluiu que os
cães tinham fome; mas a privação do alimento era nada para os efeitos gerais da
filosofia. Nem deixou de recordar que em algumas partes do globo o espetáculo é
mais grandioso: as criaturas humanas é que disputam¤ aos cães os ossos e outros
manjares menos APETECÍVEIS; luta que se complica muito, porque entra em ação a
inteligência do homem, com todo o acúmulo de sagacidade que lhe deram os séculos
etc.
As três afirmações a seguir podem estar corretas ou
incorretas. Após ler atentamente o texto e as afirmações propostas, assinale a
alternativa certa.
I- Embora irônico e crítico, o narrador, sensibilizado pelas
reações positivas de Quincas Borba, torna-se um otimista.
II- Segundo o narrador-personagem, na observação de um
fenômeno convém a um filósofo comedimento, empenho e emoção.
III- A cena não apenas provoca em Quincas Borba reações de
prazer e alegria mas também desperta-lhe a observação e a reflexão crítica.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas a I está correta.
c) Apenas a II está correta.
d) Apenas a III está correta.
e) Todas são incorretas.
Algumas características presentes no texto "Os
Cães" permitem reconhecer nele um excerto de "________", romance
que se constitui em sátira, velada por uma ironia olímpica e um humor à
inglesa, às instituições burguesas, em torno de sua chaga maior, o adultério.
a) "Memórias Póstumas de Brás
Cubas"
b) "D. Casmurro"
c) "Esaú e Jacó"
d) "Angústia"
e) "NDA"
Em DOM CASMURRO, o narrador machadiano
a) registra, de forma comovente, as memórias de sua
adolescência, na qual veio a conhecer e a perder o grande amor de sua vida.
b) rememora, de forma lírica, uma paixão antiga, que lhe
valeu a ruptura definitiva com sua família conservadora.
c) rememora, com ressentimento, as
origens, o desenvolvimento e o fim de uma paixão, destruída pelo ciúme.
d) recupera, em tom trágico, a história de seu grande amigo,
traído pela mulher fútil e aventurosa.
e) registra, com ironia, a impiedade de seus injustificáveis
ciúmes pela mulher cuja inocência tardiamente reconhece.
PUC - O trecho acima é o início do romance O ATENEU, de Raul
Pompéia. Considerando esta obra como um todo, constatamos nela uma perfeita
correspondência entre a sociedade do Ateneu e a sociedade de fora dele, porque:
a) em ambas, os valores sociais, éticos e morais são
irrepreensíveis.
b) a figura afável do diretor de escola equivale à do pai de
família.
c) tanto na escola quanto na família a criança se sente
"na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico".
d) escola e sociedade completam eficazmente a educação da
criança e a preparam para a vida.
e) o internato é um pequeno mundo
que reflete a sociedade e seus desequilíbrios.
O texto II é parte da fala do narrador no 1¡. capítulo de
"Dom Casmurro", de Machado de Assis. Comparando-o com a fala de Paulo
Honório, no último capítulo de "São Bernardo" (texto I), é correto
afirmar que
a) ambas as personagens tentam
recuperar o passado através do relato da própria vida, valendo-se, para tanto,
da narrativa em primeira pessoa.
b) a lembrança da mulher amada, presente em ambos os
relatos, desencadeia as duas narrativas que, intencionalmente, são feitas em
terceira pessoa.
c) ambas as personagens, sentindo o peso da velhice,
voltam-se para o passado, numa ávida tentativa de recuperar a alegria e a
tranqüilidade da juventude. Para tanto, valem-se da narrativa em primeira
pessoa.
d) a insônia, causada pelo remorso de uma vida que poderia
ter sido e que não foi, leva ambas as personagens a permanecerem acordadas. E,
para passar o tempo, escrevem. A narrativa é feita em terceira pessoa já que se
trata de um narrador onisciente, isto é, que conhece os fatos na sua
totalidade.
e) perseguidos pela sombra do passado e angustiados pela
solidão, ambos os narradores recorrem à narrativa para afastar seus fantasmas.
Utilizam-se, para isso, da narrativa em primeira pessoa, que lhes permite um
distanciamento maior.
Assinale as proposições CORRETAS sobre o livro QUINCAS BORBA
de Machado de Assis.
01. É um livro autobiográfico que mostra a relação entre
estudantes de um internato. A fixação de Sérgio (aluno) por Ema (esposa do
diretor) é uma apresentação clara do Complexo de Édipo.
02. Palha é o nome do marido FLEXÍVEL de Sofia (palavra que
em grego significa sabedoria), que astuciosamente o traía sem se comprometer.
04. O HUMANITISMO é uma versão irônica do POSITIVISMO,
filosofia que estava em moda no tempo de Machado de Assis.
08. A preocupação do autor é salientar que de um lado está o
povo (conglomerado humano); de outro, o poder. O preconceito de cor é disfarce
para ocultar o preconceito econômico.
16. AO VENCEDOR AS BATATAS é uma das frases do HUMANITISMO,
filosofia definida por Rubião.
Soma (
2+4=6 )
Tomando em consideração seus romances, é correto afirmar que
Machado de Assis
a) faz de 'Memórias póstumas de Brás Cubas' o primeiro
romance naturalista brasileiro, ao descrever em detalhes o processo de
decomposição do corpo de Brás Cubas.
b) explícita em 'Quincas Borba' sua teoria do Humanitismo, a
qual serve de justificativa para a atitude arrivista de Rubião e sua ascensão
social baseada na trapaça e na sedução.
c) estabelece ele próprio as bases
da polêmica sobre a fidelidade de Capitu a Bentinho ao adotar em 'Dom Casmurro'
um personagem-narrador parcial e desconfiado.
d) discute em 'Esaú e Jacó' os dilemas religiosos da
sociedade brasileira do século passado, baseada numa população majoritariamente
umbandista, mas fiel à herança judaico-cristã.
e) aproveita a aposentadoria do Conselheiro Aires,
personagem de 'Esaú e Jacó', para, no 'Memorial de Aires', fazê-lo relembrar
suas aventuras picarescas entre a senzala e a igreja.
DO TÍTULO
1 Uma noite
destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central um
rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me,
sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me
versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente
maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou
quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os
versos no bolso.
2 - Continue,
disse eu acordando.
3 - Já acabei,
murmurou ele.
4 - São muito
bonitos.
5 Vi-lhe fazer
um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava
amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou
alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam de meus hábitos
reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me
zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me
assim, alguns em bilhetes: "Dom Casmurro, domingo vou jantar com
você." - "Vou para Petrópolis, Dom Casmurro; a casa é a mesma da
Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze
dias comigo." - "Meu caro Dom Casmurro, não cuide que o dispenso do
teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá,
dou-lhe cama; só não lhe dou moça."
6 Não
consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas
no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia,
para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei
melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui até ao fim do
livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo
rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é
sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores: alguns nem tanto.
(Machado de
Assis, DOM CASMURRO. Rio de Janeiro, Aguilar, cap. I)
A obra de Machado de Assis oferece um painel bastante rico
da cultura e da sociedade urbanas brasileiras da época. Assinale o aspecto que
NÃO é abordado nesse texto:
a) os hábitos sociais e culturais valorizados pela média e
alta burguesia.
b) as normas de cordialidade que orientam a convivência das
pessoas.
c) a vaidade pessoal ferida e o decorrente reflexo nas
relações sociais.
d) a pouca valorização da produção
literária da época.
e) a despretensão das conversas sociais ditas
"informais".
O esclarecimento dos sentidos da palavra
"casmurro" indica, em Machado de Assis:
a) a valorização de um modelo narrativo pautado pela
fidelidade à realidade.
b) a tendência de refletir e comentar a respeito da própria
escrita.
c) a preocupação em criar um estilo despojado, direto e
simples.
d) a intenção de, através da erudição, educar o seu leitor.
e) a consciência da dificuldade de sua narrativa para o
leitor da época.
Assinale a interpretação CORRETA da técnica narrativa e dos
recursos expressivos empregados no texto:
a) "pode ser que não fosse"; "não achei
melhor": expressões de caráter vago e impreciso, indicando a personalidade
insegura do narrador.
b) "falou da lua e dos ministros": combinação
inusitada de termos de áreas semânticas diferentes, traduzindo a visão crítica
do narrador.
c) "O meu poeta (...) ficará sabendo que não lhe guardo
rancor": pronome possessivo suspendendo o tom irônico e enfatizando uma
intimidade afetuosa.
d) "Tudo por estar cochilando!": exclamação que
introduz o discurso indireto livre, mediante o qual o narrador exprime seus
sentimentos.
e) "Vou para Petrópolis (...)"; "Meu caro Dom
Casmurro": transcrição de bilhetes para melhor caracterizar os
personagens.
Óbito do Autor
"Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo
princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a
minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas
considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou
propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi
outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais
novo."
Comparando-se o primeiro capítulo de DOM CASMURRO ao início
do primeiro capítulo de MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS, anteriormente
transcrito, NÃO se pode afirmar que:
a) ambos os textos se desenvolvem estabelecendo uma relação
direta com o título.
b) em MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS observa-se uma
temática insólita, ausente de DOM CASMURRO.
c) os personagens Brás Cubas e Dom Casmurro assemelham-se
quanto à propensão ao estilo dubitativo, reticente.
d) a auto-ironia faz com que ambos os personagens se afastem
do modelo idealizado de herói romântico.
e) o ponto de vista é de primeira pessoa, mas apenas o
protagonista Brás Cubas é narrador e pseudo-autor do texto.
Durante este período de depressão contemplativa uma coisa
apenas magoava-me: não tinha o ar angélico do Ribas, não cantava tão bem como
ele. Que faria se morresse, entre os anjos, sem saber cantar?
Ribas,
quinze anos, era feio, magro, linfático. Boca sem lábios, de velha carpideira,
desenhada em angústia - a súplica feita boca, a prece perene rasgada em beiços sobre
dentes; o queixo fugia-lhe pelo rosto, infinitamente, como uma gota de cera
pelo fuste de um círio...
Mas,
quando, na capela, mãos postas ao peito, de joelhos, voltava os olhos para o
medalhão azul do teto, que sentimento! que doloroso encanto! que piedade! um
olhar penetrante, adorador, de enlevo, que subia, que furava o céu como a
extrema agulha de um templo gótico!
E depois
cantava as orações com a doçura feminina de uma virgem aos pés de Maria, alto,
trêmulo, aéreo, como aquele prodígio celeste de garganteio da freira Virgínia
em um romance do conselheiro Bastos.
Oh! não ser
eu angélico como o Ribas! Lembro-me bem de o ver ao banho: tinha as omoplatas
magras para fora, como duas asas!
(O ATENEU.
Raul Pompéia)
Dos comentários que se fazem de "O ATENEU"
assinale o falso:
a) misto de ficção e memória, pendente entre diário e
romance, gira em torno das experiências sofridas por um menino ingênuo no
internato de Aristarco Argolo de Ramos.
b) sem haver propriamente um enredo, mas justaposição de
quadros, vão desfilando diante de nós as personagens e situações de um colégio
em que a hipocrisia esconde toda gama de baixeza.
c) Diretor e senhora (Dª Ema), professores e estudantes,
todos vivem numa atmosfera saturada e postiça forjada pela vaidade de Aristarco.
d) a sucessão de flagrantes impressionistas termina com o
incêndio do colégio, ateado pelo estudante Américo.
e) O Ateneu distingue-se na história
de nossa ficção por uma série de aspectos originais, entre eles, o realismo
exterior tal qual o de Aluísio Azevedo em "O CORTIÇO".
Leia as afirmações a seguir:
I - DOM CASMURRO, MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS e QUINCAS
BORBA são romances narrados em primeira pessoa.
II - "Helena" e "Iaiá Garcia"
encaixam-se na primeira fase dos romances machadianos, apresentando ainda
alguns aspectos ligados ao Romantismo.
III - Há exemplos do pessimismo e da ironia de Machado de
Assis tanto em seus romances como em seus contos.
Assinale:
a) se todas estiverem corretas.
b) se apenas II e III estiverem
corretas.
c) se apenas II estiver correta.
d) se apenas III estiver correta.
e) se todas estiverem incorretas.
Parnasianismo
ITA - Leia com atenção as, duas estrofes a seguir e
compare-as quanto ao conteúdo e à forma.
I
"Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo que a ninguém fique nua
Rica mas sóbria, como um templo grego."
II
"Do Sonho as mais azuis diafaneidades
que fuljam, que na Estrofe se levantem
e as emoções, todas as castidades
Da alma do Verso, pelos versos cantem."
Comparando as duas estrofes, conclui-se que:
a) I é parnasiana e II, simbolista.
b) I é simbolista e II, romântica.
c) I é árcade e II, parnasiana.
d) I e II são parnasianas.
e) I e II são simbolistas.
Com a poesia parnasiana, passaram a ser valorizados:
a) o culto preciosista da forma e o
recurso aos padrões da estética clássica.
b) a expressão espontânea dos sentimentos e o idealismo
nacionalista.
c) os obscuros jogos de palavras e o sentimento de culpa
religioso.
d) a expressão em versos brancos e os detalhes concretos da
vida cotidiana.
e) as paisagens de natureza melancólica e o estilo grave das
confissões.
Identifique os movimentos literários a que pertencem as
seguintes estrofes, na ordem em que elas se apresentam.
I- "A praça! A praça é do povo
Como o céu é do condor
E o antro onde a liberdade
Cria águias em seu calor."
II- "Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpia dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas."
III- "Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós, se uniformara:"
IV- "Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro,
Fui honrado Pastor da tua aldeia;
Vestia finas lãs, e tinha sempre
A minha choça do preciso cheia.
Tiraram-me o casal, e manso gado,
Nem tenho, a que me encoste, um só cajado."
V- "Torce, aprimora, alteia, lima
A frase, e
enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um
rubim.
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao
jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um
defeito."
a) Romantismo, Simbolismo, Barroco,
Arcadismo e Parnasianismo.
b) Modernismo, Parnasianismo, Barroco, Arcadismo e
Romantismo.
c) Romantismo, Modernismo, Arcadismo, Barroco e Simbolismo.
d) Simbolismo, Modernismo, Arcadismo, Parnasianismo e
Barroco.
e) Modernismo, Simbolismo, Barroco, Parnasianismo e
Arcadismo.
"É um velho paredão, todo gretado,
Roto e negro, a que o tempo uma oferenda
Deixou num cacto em flor ensangüentado
E num pouco de musgo em cada fenda.
Serve há muito de encerro a uma vivenda;
Protegê-la e guardá-la é seu cuidado;
Talvez consigo esta missão compreenda,
Sempre em seu posto, firme e alevantado.
Horas mortas, a lua o véu desata,
E em cheio brilha; a solidão se estrela
Toda de um vago cintilar de prata;
E o velho muro, alta a parede nua,
Olha em redor, espreita a sombra, e vela
Entre os beijos e lágrimas da lua."
O soneto acima apresenta claras características:
a) barrocas.
b) românticas.
c) parnasianas.
d) simbolistas.
e) pré-modernistas.
Assinale a alternativa cujos termos preenchem corretamente
as lacunas do texto inicial.
Esses poetas dedicavam-se, muitas vezes, a escrever sobre um
"vaso grego", uma "taça de coral", uma "brilhante
copa". Ao mesmo tempo em que
admiravam os "áureos relevos", o "fino lavor" e o som
"canoro e doce" desses objetos, viam-se a si mesmos como artesãos do
verso, verdadeiros "ourives" da língua. Essa tendência preciosista teve em
............. e ............. dois dos principais representantes, dentro do
estilo ........... .
a) Castro Alves e Gonçalves Dias - romântico
b) Olavo Bilac e Alberto de Oliveira
- parnasiano
c) Gonçalves Dias e Olavo Bilac - romântico
d) Alberto de Oliveira e Castro Alves - parnasiano
e) Gonçalves Dias e Alberto de Oliveira – parnasiano
Não caracteriza a estética parnasiana:
a) a oposição aos românticos e distanciamento das
preocupações sociais dos realistas.
b) a objetividade advinda do espírito cientificista, e o
culto da forma.
c) a obsessão pelo adorno e contenção lírica.
d) a perfeição formal na rima, no ritmo, no metro e volta
aos motivos clássicos.
e) a exaltação do "eu" e
fuga da realidade presente.
AS POMBAS
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sangüínea e fresca a madrugada
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais, de novo, elas, serenas
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam
E eles aos corações não voltam mais...
(Raimundo
Correia)
Pelo estilo do poema e seu autor, não é difícil saber que se
trata de uma obra filiada ao:
a) arcadismo
b) romantismo
c) parnasianismo
d) simbolismo
e) modernismo
O texto foi criado na:
a) segunda metade do século XVIII
b) primeira metade do século XIX
c) segunda metade do século XIX
d) primeira metade do século XX
e) segunda metade do século XX
A estrutura ordenada do poema nos revela:
a) liberdade formal
b) rigorismo formal
c) abundância de versos alexandrinos
d) desprezo pela pontuação tradicional
e) linguagem coloquial
Este poema de Raimundo Correia espelham dois tipos de
assunto: o .................. em que a natureza nos aparece com uma fidelidade
absolutamente realista, sem interferência do poeta que apenas nos transporta
para um quadro profundamente colorido e sonoro e o .................. ,
mostrando-nos o homem vencido pelo destino.
a) árcade / socialista
b) paisagista / coletivista
c) místico / filosófico
d) pastoril / marxista
e) descritivo / psicológico
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.
Os versos anteriores contêm elementos típicos do estilo
a) parnasiano.
b) simbolista.
c) ultra-romântico.
d) pré-modernista.
e) bucólico.
Os parnasianos, na virada do século, notabilizaram-se por
a) elaborarem poemas de métrica
rigorosa nos quais a impessoalidade do sujeito lírico permitia a perspectiva
filosofante e a visada descritiva.
b) denunciarem o autoritarismo da República Velha e as más
condições de vida da maioria da população dá cidade do Rio de Janeiro.
c) revelarem perícia na elaboração de poemas de quatro a
seis versos cujos temas principais eram o amor não correspondido e as
características da natureza nacional.
d) escreverem longos poemas narrativos em verso livre
misturando mitos greco-latinos e o cotidiano das modernas metrópoles.
e) recusarem-se a participar da vida política no início da
República e por retomarem a lírica religiosa de tradição renascentista e
barroca.