sábado, 10 de novembro de 2012

MODERNISMO - 2ª fase


GERAÇÃO DE 30 - Gênero lírico

1) (CESGRANRIO-1995) Apesar de modernista, Vinicius apresenta, no texto, características da estética romântica.
Assinale a única característica romântica NÃO presente nesse texto:
Pátria Minha
A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria, direi:
Não sei. De fato, não sei (...)
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido
                                                   [(auriverde!) tão feias

De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias, pátria minha
Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contacto com a dor do tempo (...)

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade me vem de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas estranhas
E ao batuque em teu coração.

Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.
Vinicius de Moraes – Trechos

a) Preocupação com o eu-lírico, através da expressão de emoções pessoais.
b) Valoração de elementos da natureza, como forma de exaltação da terra brasileira.
c) Sentimentos de saudade e nostalgia, causados pela dor do exílio.
d) Preocupação social, através da menção a problemas brasileiros.
e) Abandono do ideal purista dos neoclássicos na prevalência do conteúdo sobre a forma.

2) (PUC-SP-1995) Em 1945 Carlos Drummond de Andrade escreveu A ROSA DO POVO. Nela podemos verificar que:
a) uma análise do comportamento humano, na relação cidade e campo.
b) apenas uma teoria de sua própria produção poética.
c) uma reflexão sobre os valores teológicos e metafísicos do homem contemporâneo.
d) uma predileção por temas eróticos e sensuais.
e) uma temática social e política e uma denúncia das dilacerações do mundo.

3) (UFPE-1996) OBSERVE:
"Tive ouro, tive gado, tive fazendas
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede
Mas, como dói!"
(Carlos Drummond de Andrade / CONFIDÊNCIAS DE ITABIRANO)
(           ) Foi um poeta que tratou de assuntos brasileiros a regionais (no texto anterior, fala sobre Minas Gerais) dando-lhe um caráter folclórico e exótico.
(           ) Versejou sempre de acordo com a poética tradicional, respeitando a métrica e rima.
(           ) Sua maturidade poética foi atingida através da precisão da linguagem e do aprofundamento da visão de mundo.
(           ) A sua poesia tem como pólos o EU e o mundo; no primeiro sobressaem os temas do passado (a família e a província) e o amor, caracterizado pela carência.
(           ) Além de explorar as profundezas do EU, preocupa-se com o social, canta a solidariedade e interroga sobre o sentido de vida.

4) (ITA-1997) Dadas as afirmações:
I) A poesia de Carlos Drummond de Andrade, de caráter fundamentalmente regionalista e preocupada com o cotidiano, restringe-se a um inventário das emoções mineiras do poeta.
II) A poesia de Manuel Bandeira, de inspiração jornalística e de caráter confidencial e autobiográfico, exprime-se tanto pelo verso livre quanto pelo tradicional.
III) A obra lírica de Cecília Meireles, marcada por constantes formais - como o mar, o espaço, a solidão, o sentimento do efêmero, é essencialmente descritiva, voltada para a natureza brasileira e nossos vultos históricos.
Est(á) (ão) correta(s):
a) Nenhuma
b) Apenas I
c) Apenas II
d) Apenas III
e) Todas

5) (CESGRANRIO-1999) O poema Romaria insere-se no livro ALGUMA POESIA, que Drummond publicou em 1930. Esta data marca, no Modernismo, o início de uma fase caracterizada pela (o):
a) Era Vargas, com uma literatura mais construtiva e mais politizada na prosa - José Lins do Rego, Graciliano Ramos.
b) redemocratização do país e fim do Estado Novo, com o regionalismo abordando problemas humanos universais - João Guimarães Rosa.
c) anarquia, com manifestos que rejeitavam as estruturas do passado, predominando, na poesia, o verso livre.
d) preocupação dos poetas com o policiamento da expressão e com a estética - João Cabral de Mello Neto, Ferreira Gullar.
e) nacionalismo exacerbado, com uma poesia mais voltada para as causas sociais, cultivando o rigor na rima e na métrica.

6) (UFRS-1998) Sobre Carlos Drummond de Andrade, é correto afirmar que
a) é o nome inquestionável na consolidação da poesia moderna no Brasil, pela síntese que logrou realizar entre várias contradições históricas do país.
b) predomina, em seus poemas, uma linguagem erudita, com termos raros, compatível com os tópicos existenciais mas inadequada para os temas do cotidiano.
c) publicou uma série de livros de poesia e de crônicas que tratam predominantemente de temas provincianos, o que localiza sua obra na vertente regionalista da literatura brasileira.
d) se dedicou à construção de uma linguagem objetiva e rigorosa, voltada para a expressão literária da paisagem tropical.
e) sua poesia se caracteriza pelo lirismo de tom irônico e melancólico, registro de um inconformismo em relação à escassez de leitores de poesia no Brasil.

7) (FUVEST-1999) Refere-se corretamente a ALGUMA POESIA, de Drummond, a seguinte afirmação:
a) A imagem do poeta como "gauche" revela a sua militância na poesia engajada e participante, de esquerda.
b) As oposições sujeito-mundo e província-metrópole são fundamentais em vários poemas.
c) A filiação modernista do livro liberou o poeta das preocupações com a elaboração formal dos poemas.
d) O livro não contém textos metalingüísticos, o que caracteriza a primeira fase do autor.
e) A ironia e o humor evitam que o eu-lírico se distancie ou se isole, proporcionando-lhe a comunhão com o mundo exterior.

8) (ENEM-1999) Quem não passou pelas experiência de estar lendo um texto e defrontar-se com passagens já lidas em outros? Os textos conversam entre si em um diálogo constante. Esse fenômeno tem a denominação de intertextualidade. Leia os seguintes textos:
I. Quando nasci, um anjo torto
Desses que vivem na sombra
Disse: Vai Carlos! Ser "gauche" na vida
          (ANDRADE, Carlos Drummond de. ALGUMA
          POESIA. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964)

II. Quando nasci veio um anjo safado
O chato dum querubim
E decretou que eu tava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim.
            (BUARQUE, Chico. LETRA E MÚSICA. São
            Paulo: Cia das Letras, 1989)

III. Quando nasci um anjo esbelto
Desses que tocam trombeta, anunciou:
Vai carregar bandeira.
Carga muito pesada pra mulher
Esta espécie ainda envergonhada.
            (PRADO, Adélia. BAGAGEM. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986)

Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem intertextualidade, em relação a Carlos Drummond de Andrade, por
a) reiteração de imagens
b) oposição de idéias
c) falta de criatividade
d) negação dos versos
e) ausência de recursos

9) (PUCCAMP-1999)
Uma mulher ao sol - eis todo o meu desejo
Vinda do sal do mar, nua, os braços em cruz
A flor dos lábios entreaberta para o beijo
A pele a fulgurar todo o pólen da luz.

A quadra anterior introduz um soneto de Vinícius de Moraes. Nesses versos, o leitor pode comprovar a seguinte característica da lírica amorosa do poeta:
a) dilaceramento provocado pela paixão carnal e pela ânsia de salvação religiosa.
b) reconhecimento da fugacidade do tempo, revelada num momento de excitação sensual.
c) celebração da amada num quadro cotidiano, valorizando-se o estilo típico dos modernistas combativos.
d) visão mística, na qual os desejos são sublimados e a natureza é divinizada.
e) exaltação erótica, integrada no mundo natural e elevada ao plano do sublime.

10) (PUCSP-1999)
      Um dia ela veio para rede,
      se enroscou nos meus braços,
      me deu um abraço,
      me deu as maminhas
      que eram só minhas.
      A rede virou,
      O mundo afundou.
      (Carlos Drummond de Andrade)
Em relação ao fragmento, retirado do poema INICIAÇÃO AMOROSA, de Carlos Drummond de Andrade, é correto afirmar que
a) segue a tradição poética parnasiana, revelando, entretanto, uma poesia sintetizada em elementos cotidianos.
b) assume a linguagem cotidiana, desqualificando o lirismo da poesia e, conseqüentemente, a qualidade poética da mensagem.
c) procura valorizar a rima tradicional, a metrificação regular e um lirismo pessoal afirmado em uma emoção contida.
d) adere à vanguarda dos anos 60, eliminando a subjetividade e exaltando o lirismo amoroso por meio do humor, da ironia.
e) emprega uma linguagem coloquial que desorganiza a métrica e apresenta o lirismo arraigado na cena cotidiana.

11) (UFSM-1999) A respeito da poesia de Vinicius de Moraes, assinale verdadeira (V) ou falsa (F) em cada afirmação a seguir.
(     ) Sob a forma de soneto, privilegia temáticas líricas, sobretudo o amor e sua múltiplas manifestações.
(     ) Celebra a sensualidade com versos que apresentam imagens a respeito do sexo e do corpo.
(     ) O cunho erótico dos poemas exclui a experiência mística do amor.
A seqüência correta é
a) V - F - F.
b) V - V - F.
c) F - V - F.
d) V - F - V.
e) F - F - V.

12) (UFSM-2000)
1  De repente do riso fez-se o pranto
2  Silencioso e branco como a bruma
3  E das bocas unidas fez-se a espuma
4  E das mãos espalmadas fez-se espanto.

5  De repente da calma fez-se o vento
6  Que dos olhos desfez a última chama
7  E da paixão fez-se o pressentimento
8  E do momento imóvel fez-se o drama.

Vinícius de Moraes, nos versos transcritos, mostra como, na separação amorosa, uma coisa se transforma em outra. Em que verso(s) NÃO há registro de tal transformação?
a) v.2 e 6.
b) v.1.
c) v. 5.
d) v.3 e v.4.
e) v.7  e 8.

13) (UERJ-2002-adaptada)
MULHER AO ESPELHO
Hoje, que seja esta ou aquela,
pouco me importa.
Quero apenas parecer bela,
pois, seja qual for, estou morta.
(MEIRELES, Cecília. "Poesias Completa." Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973.)
O poema de Cecília Meireles revela uma mudança de perspectiva em relação à primeira geração modernista, pois
a) apresenta um lirismo objetivo.
b) retoma basicamente temas do contexto regional.
c) apresenta tom irreverente e humorístico, apesar de retomar o simbolismo.
d) retoma temas como o lirismo e a busca pela rima como forma perfeita do poema.
e) retoma o lirismo e temas como a angústia existencial.


14) (UFRS-2000) Em relação às alternativas abaixo, assinale aquela que NÃO corresponde a uma caracterização da poesia de Cecília Meireles.
a) Culto da beleza imaterial e valorização da transcendência.
b) Poesia universalista e de teor filosófico, em busca de um sentido da vida.
c) Musicalidade bem construída, aliada a uma plasticidade das imagens.
d) Ênfase do poema-piada.
e) Ressonâncias da tradição clássica na construção métrica.

15) (UFAL-2000) "O que me leva a crer no desaparecimento do bem-te-vi são as mudanças que começo a observar na sua voz. O ano passado, aqui nas mangueiras dos meus simpáticos vizinhos, apareceu um bem-te-vi caprichoso, muito moderno, que se recusava a articular as três sílabas tradicionais do seu nome, limitando-se a gritar.- "...te-vi! te-vi!", com a maior irreverência gramatical.  Como dizem que as últimas gerações andam muito rebeldes e novidadeiras, achei natural que também os passarinhos estivessem contagiados pelo novo estilo humano."
(Cecília Meireles)

Assinale como VERDADEIRAS as afirmações que estão corretas em relação ao texto acima, e como FALSAS aquelas em que isso não ocorre.
(     ) A autora acredita que, por falta de adaptação às condições da vida moderna, os passarinhos tendem a desaparecer do cenário urbano.
(     ) A modernidade atribuída ao canto que ouviu de determinado bem-te-vi está, segundo sugere a autora, no caráter mais sintético do próprio canto do pássaro.
(     ) A "irreverência gramatical " de que se trata está no fato de se começar uma frase com o pronome "te".
(     ) Por "novo estilo humano" entende-se, aqui, a capacidade que têm as novas gerações de aprender com as mais velhas.
(     ) O primeiro período do texto vale pelo efeito de humor, o que se comprova com o desenvolvimento das observações da autora.

16) (UFPE-2000)
"Pus meu sonho num navio
e o navio em cima do mar
- depois abri o mar com as mãos
para o meu sonho naufragar' '
            (Cecília Meireles)

Os versos acima fazem parte da poética de Cecília Meireles. Dessa autora, é incorreto dizer que:
a) conservou os laços com o Simbolismo, o que se evidencia na sua visão de mundo, na sua linguagem e na sua estética.
b) revelou predileção por imagens a partir da música, da água, do ar, do mar, do vento, do espaço.
c) foi hábil na utilização de versos curtos, de grande musicalidade e apurada seleção vocabular.
d) como uma de suas opções poéticas, sobressai a evasão pelo sonho.
e) manteve uma atitude constante de distanciamento do tema em sua poesia lírica.

17) (UFRS-2001) Leia as estrofes abaixo, de Vinícius de Moraes, e a afirmação que as segue.
01 "Uma lua no céu apareceu
02 cheia e branca; foi quando, emocionada
03 a mulher a meu lado estremeceu
04 e se entregou sem que eu dissesse nada.
05 Larguei-as pela jovem madrugada
06 ambas cheias e brancas e sem véu
07 perdida uma, a outra abandonada
08 uma nua na terra, outra no céu."

Por meio de versos .......... em que é perceptível um lirismo .........., típico de sua poesia, Vinícius de Moraes aproxima a mulher e a lua, fundindo-as, em alguns momentos, como acontece no verso de número ..... .
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas acima.
a) octossílabos - amoroso - 06
b) heptassílabos - social - 07
c) decassílabos - moralizante - 08
d) octossílabos - despojado - 07
e) decassílabos - sensual – 06

18) (UFV-2002) Leia com atenção o seguinte fragmento do "Poema Dialético", de Murilo Mendes, para responder a esta questão:

Todas as formas ainda se encontram em esboço,
Tudo vive em transformação:
Mas o universo marcha
Para a arquitetura perfeita.

Retiremos das árvores profanas
A vasta lira antiga:
Sua secreta música
Pertence ao ouvido e ao coração de todos.
Cada novo poeta que nasce
Acrescenta-lhe uma corda.
(MENDES, Murilo. "O menino experimental”)

Assinale a alternativa que NÃO corresponde a uma possível leitura do poema:
a) O poeta, unindo tradição e modernidade, tem como matéria poética o universo, em seu estado de constante transformação.
b) Para se atingir a "arquitetura perfeita", o poeta só deve se inspirar nos princípios da poética clássica, restringindo-se às influências da "vasta lira antiga".
c) O eu poético defende a universalidade da poesia, sempre aberta às tendências do passado, do presente e do futuro.
d) O poeta manifesta-se atento à tendência transformadora das coisas e dos seres, em direção à "arquitetura perfeita".
e) Nos dois últimos versos, o poeta faz alusão à constante renovação criadora da poesia, numa convergência do novo com a tradição.

19) (UFV-2002) Atente para o que diz Júlio C. Guimarães sobre o poeta Murilo Mendes:
Na forte presença de elementos ligados à visualidade na obra poética de Murilo Mendes, é possível estabelecer algumas distinções que se verificam fundamentais para o exame desta questão tal como aqui é proposto. De um lado, estão elementos puramente visuais, que naturalmente ocorrem de várias formas. De outro lado, está a visualidade configurada como linguagem, isto é, como artes visuais, ou artes plásticas, cuja presença se dá como referência, em diferentes graus, seja a determinada obra de arte, seja a determinado artista.
            (GUIMARÃES, Júlio Castañon. "Territórios / conjunções: poesia e prosa críticas de Murilo Mendes". Rio de Janeiro: Imago, 1993. p. 63.)

Em todas as alternativas que se seguem são citados fragmentos da obra de Murilo Mendes que expressam essa tendência à visualidade a que se refere o crítico, expressiva da poesia crítica do poeta, EXCETO em:
a) "Mapa": Tudo é ritmo no cérebro do poeta. Não me inscrevo em nenhuma teoria.        
b) "Grafito para Sergei Eisenstein":O horizonte do filmeCresce, a consciênciaMarcha em nós, mil, dePartícipes imediatos, da Cooperativa que somosOu deveríamos ser,De contrastes que portamosEm giro, visão & sangue.
c) "Fim":Eu existo para assistir ao fim do mundo,Eu existo para a visão beatífica.           
d) "Texto de informação":Tiro do bolso examinoCertas formas de gramáticade retóricade poéticaConsidero-as na sua forma visual.  
e) "Pré-História":Mamãe vestida de rendasTocava piano no caos.Uma noite abriu as asasCansada de tanto som,Equilibrou-se no azul,De tonta não mais olhouPara mim, para ninguém!Cai num álbum de retratos.           

20) (UFPE-2003) "Leve é o pássaro;
e a sua sombra voante,
mais leve
...........................................
E o desejo rápido
desse antigo instante,
mais leve.

E a figura invisível
do amargo passante,
mais leve."
            (Cecília Meireles)

"Mais claro e fino do que as finas pratas
O som da sua voz deliciava..
Na dolência velada das sonatas
Como um perfume a tudo perfumava."
            (Cruz e Souza)

Qual a semelhança ou o ponto de convergência entre a poesia neo-simbolista de Cecília Meireles e a de Cruz e Souza?
a) A objetividade e o materialismo marcantes no estilo parnasiano.
b) A realidade focalizada de maneira vaga, em versos que exploram a sonoridade das palavras.
c) A preocupação formal e a presença de rimas ricas.
d) O erotismo e o bucolismo como tema recorrente.
e) A impassibilidade dos elementos da natureza e a presença da própria poesia como musa.

21) (UFPE-2004) Sobre Cecília Meireles e Manuel Bandeira, podemos afirmar que:
(           ) ambos são poetas que aderiram ao Modernismo, embora tenham experimentado outras tendências estéticas anteriores.
(           ) Bandeira eliminou posteriormente os resíduos parnasianos e simbolistas de sua poesia, os quais podem ser observados em Cinza das Horas e Carnaval. Como se lê em sua poesia, predominam o lirismo do eu e o subjetivismo.
(           ) Bandeira empresta à sua poesia um caráter confidencial, mas, ao contrário dos poetas românticos, observa-se que ironiza seus próprios desejos, considerando-os ilusões.
(           ) Cecília Meireles, considerada uma neo-simbolista, é, contudo, bastante objetiva na construção de sua temática poética.
(           ) apesar da delicadeza de suas imagens e da propriedade de seus símbolos, como no texto transcrito, a poesia de Cecília tem caráter inovador e futurista.

22) (UFSCAR-2004) Leia o texto seguinte.
            Reinvenção
A vida só é possível
reinventada.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas ...
Ah! tudo bolhas
que vêm de fundas piscinas
de ilusionismo ...  - mais nada.

Mas a vida, a vida , a vida
a vida só é possível
reinventada. [...]
            (Cecília Meireles)

Podemos dizer que, nesse trecho de um poema de Cecília Meireles, encontramos traços de seu estilo
a) sempre marcado pelo momento histórico.
b) ligado ao vanguardismo da geração de 22.
c) inspirado em temas genuinamente brasileiros.
d) vinculado à estética simbolista.
e) de caráter épico, com inspiração camoniana.

23) (FAAP) Texto I

"Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
            Gonçalves Dias

Texto II

Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!
                        Murilo Mendes

O texto II pertence ao estilo de época do:
a) modernismo
b) dadaísmo
c) futurismo
d) pré-modernismo
e) simbolismo

24)(UNESP) A partir da leitura dos seguintes poemas, assinale a alternativa INCORRETA com relação ao Modernismo.

I - VÍCIO DA FALA
"Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados."
                        (Oswald de Andrade)

II - POEMA DO BECO
"Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
- O que eu vejo é o beco."
                        (Manuel Bandeira)

III - FESTA FAMILIAR
"Em outubro de 1930
Nós fizemos - que animação!
Um pic-nic com carabinas."
                        (Murilo Mendes)

IV - COTA ZERO
"Stop
A vida parou
ou foi o automóvel?"
                        (Carlos Drummond de Andrade)

a) Os poemas quando não se fixam em uma cena da vida cotidiana podem refletir sobre a nossa história com muito humor e ironia.
b) Predomínio do verso livre e cultivo de uma poesia sintética.
c) Introdução da fala popular e elementos característicos da prosa.
d) Os poemas mostram claramente uma ruptura com os códigos literários anteriores na forma; no conteúdo buscam penetrar mais fundo na realidade brasileira.
e) As experiências de linguagem desses poemas modernistas tentam resgatar o formalismo e a riqueza sonora da poesia parnasiana.


Parnasianismo/Simbolismo


1) Sobre a poesia parnasiana, assinale o que for correto.
(01) Acima de todas as características do Parnasianismo ressalta o primado da emoção e a aparente rejeição do racionalismo.
(02) A poesia parnasiana é um ritual mágico, uma combinação alquímica de palavras de outras dimensões de existência, uma simbiose do som e do sentido.
(04) A ênfase formalista do estilo parnasiano levou-o a desprezar o assunto em função da supervalorização da técnica e, portanto, separar o sujeito criador de seu objeto criado.
(08) A ênfase na característica formal induz a associação mais analógica do que lógica entre as palavras e permite a criação do poema-prosa.
(16) O fazer artístico fundamenta-se na "transpiração", ou seja, no cuidado com a linguagem, a forma, a lapidação e o refinamento do texto.

Resultado da soma:

2) Leia o poema a seguir e responda às questões a ele pertinentes.

Vê-se no espelho; e vê, pela janela,
A dolorosa angústia vespertina:
Pálido morre o sol... Mas, ai! Termina
Outra tarde mais triste, dentro dela;

Outra queda mais funda lhe revela
O aço feroz, e o horror de outra ruína;
Rouba-lhe a idade, pérfida e assassina,
Mais do que a vida, o orgulho de ser bela!

Fios de prata... Rugas. O desgosto
Enche-a de sombras, como a sufocá-la.
Numa noite que aí vem... E no seu rosto

Uma lágrima trêmula resvala,
Trêmula, a cintilar, - como, ao sol posto,
Uma primeira estrela em céu de opala.

            Olavo Bilac. "Poesias". São Paulo: Martin Claret, 2004

O título que melhor abrange o sentido do poema é:
a) O nascer do dia.
b) O pôr-do-sol.
c) O crepúsculo da beleza.
d) Uma lágrima de dor.
e) A solidão.

3) As questões a seguir referem-se ao texto adiante. Analise-as e assinale, para cada uma, a alternativa incorreta.

                    Litania dos Pobres

                                         Cruz e Souza


01        Os miseráveis, os rotos
            São as flores dos esgotos

            São espectros implacáveis
            Os rotos, os miseráveis.

05        São prantos negros de furnas
            Caladas, mudas, soturnas.

            São os grandes visionários
            Dos abismos tumultuários.   

            As sombras das sombras mortas,
10        Cegos, a tatear nas portas.

            Procurando os céus, aflitos
            E varando os céus de gritos.

            Inúteis, cansados braços
            Mãos inquietas, estendidas.

a) O tema poderia ser tomado pelo Realismo.
b) Para pertencer ao Naturalismo há comiseração demais no poema.
c) Para ser de Castro Alves falta arrebatamento, revolta.
d) A religiosidade ('procurando o céu' - v.11) condiz mais com o Modernismo que com o Simbolismo.
e) O título "Litania" (ladainha) revela o lado místico.


4) Leia com atenção as, duas estrofes a seguir e compare-as quanto ao conteúdo e à forma.
                                               I
"Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo que a ninguém fique nua
Rica mas sóbria, como um templo grego."
                                               II
"Do Sonho as mais azuis diafaneidades
que fuljam, que na Estrofe se levantem
e as emoções, todas as castidades
Da alma do Verso, pelos versos cantem."

Comparando as duas estrofes, conclui-se que:
a) I é parnasiana e II, simbolista.
b) I é simbolista e II, romântica.
c) I é árcade e II, parnasiana.
d) I e II são parnasianas.
e) I e II são simbolistas.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Realismo/Naturalismo - FUVEST - UNICAMP - UNESP - ITA - PUC




FUVEST

1) Ao criticar "O Primo Basílio", Machado de Assis afirmou: "(...) a Luísa é um caráter negativo, e no meio da ação ideada pelo autor, é antes um títere que uma pessoa moral."
Títere é um boneco mecânico, acionado por cordéis controlados por um manipulador. Nesse sentido, as personagens que, principalmente, manipulam Luísa, determinando-lhe o modo de agir, são:
a) Basílio e Juliana.
b) Jorge e Justina.
c) Jorge, Conselheiro Acácio e Juliana.
d) Basílio, Leopoldina e Conselheiro Acácio.
e) Jorge e Leopoldina.

2) Luísa espreguiçou-se. Que seca ter de se ir vestir! Desejaria estar numa banheira de mármore cor-de-rosa, em água tépida, perfumada e adormecer! Ou numa rede de seda, com as janelinhas cerradas, embalar-se, ouvindo música!(...)
            Tornou a espreguiçar-se. E saltando na ponta do pé descalço, foi buscar ao aparador por detrás de uma compota um livro um pouco enxovalhado, veio estender-se na "voltaire", quase deitada, e, com o gesto acariciador e amoroso dos dedos sobre a orelha, começou a ler, toda interessada.
            Era a "Dama das Camélias". Lia muitos romances; tinha uma assinatura, na Baixa, ao mês.

Nesse excerto, o narrador de "O primo Basílio" apresenta duas características da educação da personagem Luísa que serão objeto de crítica ao longo do romance.
a) Quais são essas características?
b) Explique de que modo elas contribuem para o destino da personagem.



3) Com essa história enjoada de traiu ou não traiu, de Capitu ser anjo ou demônio, o leitor de Dom Casmurro acaba se esquecendo do fundamental: as memórias são do velho narrador, não da mulher, e o autor é Machado de Assis, e não um escritor romântico dividido entre mistérios.
Aceitas as observações anteriores, o leitor de Dom Casmurro deverá
a) identificar o ponto de vista de Capitu, considerando ainda o universo próprio da ficção naturalista.
b) reconhecer os limites do tipo de narrador adotado, subordinando-o ao peculiar universo de valores do autor.
c) aceitar os juízos do velho narrador, por meio de quem se representa a índole confessional de Machado de Assis.
d) rejeitar as acusações do jovem Bentinho, preferindo-lhes a relativização promovida pelo velho narrador.
e) relativizar o ponto de vista da narração, cuja ambigüidade se deve à personalidade oblíqua de Capitu.


4) Ao criticar "O Primo Basílio", Machado de Assis afirmou: "(...) a Luísa é um caráter negativo, e no meio da ação ideada pelo autor, é antes um títere que uma pessoa moral."
Títere é um boneco mecânico, acionado por cordéis controlados por um manipulador. Nesse sentido, as personagens que, principalmente, manipulam Luísa, determinando-lhe o modo de agir, são:
a) Basílio e Juliana.
b) Jorge e Justina.
c) Jorge, Conselheiro Acácio e Juliana.
d) Basílio, Leopoldina e Conselheiro Acácio.
e) Jorge e Leopoldina.

5) Assinalar a afirmação correta a respeito de O Ateneu, romance de Raul Pompéia:
a) romance de formação que avalia a experiência colegial, por meio de Sérgio, alter-ego do autor.
b) romance romântico que explora as relações pessoais de adolescentes no colégio, acenando para o homossexualismo latente.
c) romance naturalista que retrata a tirania do diretor do colégio e o maternalismo de sua mulher para com os alunos.
d) romance realista que apresenta um padrão de excelência da escola brasileira do final do império.
e) romance da escola do Brasil no final do império, cuja falência vem assinalada pelo incêndio do prédio, no final da narrativa.

6) A narração dos acontecimentos com que o leitor se defronta no romance "Dom Casmurro", de Machado de Assis, se faz em primeira pessoa, portanto, do ponto de vista da personagem Bentinho. Seria, pois, correto dizer que ela se apresenta:
a) fiel aos fatos e perfeitamente adequada à realidade;
b) viciada pela perspectiva unilateral assumida pelo narrador;
c) perturbada pela interferência de Capitu que acaba por guiar o narrador;
d) isenta de quaisquer formas de interferência, pois visa à verdade;
e) indecisa entre o relato dos fatos e a impossibilidade de ordená-los.

7) Assinalar a alternativa que transcreve passagem do romance "Quincas Borba", de Machado de Assis:
a) "Era o 'Quincas Borba', o gracioso menino de outro tempo, o meu companheiro de colégio, tão inteligente e abastado. Quincas Borba!"
b) "Saberia Rubião que o nosso Quincas Borba trazia aquele grãozinho de sandice, que um médico supôs achar-lhe? Seguramente, não; tinha-o por homem esquisito."
c) "Era tarde para mandar o camarote a Escobar; saí, mas voltei no fim do primeiro ato. Encontrei Escobar à porta do corredor."
d) "Sim, a lamparina ia morrendo, mas ainda podia dar luz ao regresso de Paulo. Quando Flora o viu entrar e ajoelhar-se outra vez, ao pé do irmão, e ambos dividirem entre si as mãos dela, mansos e cordatos, ficou longamente atônita."
e) "Tristão e Fidélia desceram hoje e Aguiar os foi buscar à Prainha. Dali vieram almoçar ao Flamengo, onde D. Carmo esperava os recém-casados e os abraçou cheia de coração."


   
Unicamp

8) No capítulo VII de O ATENEU, ao descrever a exposição de quadros dos alunos do colégio, o narrador assim se refere aos sentimentos de Aristarco:

            "Não obstante, Aristarco se sentia lisonjeado pela intenção. Parecia-lhe ter na face a cocegazinha sutil do creion passando, brincando na ruga mole da pálpebra, dos pés-de-galinha, cortando a  concha da orelha, calcando a comissura dos lábios, entrevista na franja pelas dobras oblíquas da pele do nariz, varejando a pituitária, extorquindo um espirro agradável e desopilante."

a) A que intenção se refere o narrador?
b) Quais características de Aristarco estão sugeridas neste comentário do narrador?
c) Lendo esta descrição você considera que o narrador compartilha dos mesmos sentimentos de Aristarco? Justifique.



UNESP

9) Jorge foi heróico durante toda essa tarde. Não podia estar muito tempo na alcova de Luísa, a desesperação trazia-o num movimento contraditório; mas ia lá a cada momento, sorria-lhe, conchegava-lhe a roupa com as mãos trêmulas; e como ela dormitava, ficava imóvel a olhá-la feição por feição, com uma curiosidade dolorosa e imoral, como para lhe surpreender no rosto os vestígios de beijos alheios, esperando ouvir-lhe nalgum sonho da febre murmurar um nome ou uma data; e amava-a mais desde que a supunha infiel, mas dum outro amor, carnal e perverso. Depois ia-se fechar no escritório, e movia-se ali entre as paredes estreitas, como um animal numa jaula. Releu a carta infinitas vezes, e a mesma curiosidade roedora, baixa, vil, torturava-o sem cessar: Como tinha sido? Onde era o Paraíso? Havia uma cama? Que vestido levava ela? O que lhe dizia? Que beijos lhe dava?

                        (in O PRIMO BASÍLIO - OBRAS COMPLETAS - I. Porto: Lello & Irmãos, s/d, p.1150.)



ITA

10) As afirmações a seguir referem-se à obra "Dom Casmurro":

I) Bento Santiago ora manifesta certa condescendência diante do espetáculo do mundo, apreciando certos prazeres da vida, ora demonstra seu desencanto em reflexões melancólicas sobre a realidade.
II) Explica-se a obra a partir da vida do autor: o desencanto diante da vida que ele deixa transparecer é o resultado de sua recusa em assumir a condição de mulato. Apesar disso, Machado apresenta com pouca profundidade e com bastante dubiedade a sociedade carioca e brasileira do século XIX, visto que expõe superficialmente sua estrutura de classes e seus mecanismos de poder.
III) O rompimento representado por esta obra em relação à narrativa brasileira anterior ao seu aparecimento é bastante claro no plano da linguagem, da temática e da estrutura narrativa.

Est(á) (ão) correta(s):
a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas I e III
d) Apenas II e III
e) Todas


11) OS CÃES

            - Lutar. Podes escachá-los ou não; o essencial¢ é que lutes. Vida é luta. Vida SEM LUTA£ é um mar morto no centro do organismo universal.
            DAÍ A POUCO demos COM UMA BRIGA de cães¤; fato que AOS OLHOS DE UM HOMEM VULGAR não teria valor. Quincas Borba fez-me parar e observar os cães. Eram dois. Notou que ao pé deles¥ estava um osso, MOTIVO DA GUERRA, e não deixou de chamar a minha atenção para a circunstância de que o osso não tinha carne. Um simples osso nu. Os cães mordiam-se¢, rosnavam, COM O FUROR NOS OLHOS... Quincas Borba meteu a bengala DEBAIXO DO¦ BRAÇO, e parecia EM ÊXTASE.
            - Que belo que isto é! dizia ele de quando em quando.
            Quis arrancá-lo dali, mas não pude; ele estava arraigado AO CHÃO, e só continuou A ANDAR, quando a briga cessou£ INTEIRAMENTE, e um dos cães, MORDIDO e vencido, foi levar a sua fome A OUTRA PARTE. Notei que ficara sinceramente ALEGRE, posto§ contivesse a ALEGRIA, segundo convinha a um grande filósofo. Fez-me observar a beleza do espetáculo, relembrou o objeto da luta, concluiu que os cães tinham fome; mas a privação do alimento era nada para os efeitos gerais da filosofia. Nem deixou de recordar que em algumas partes do globo o espetáculo é mais grandioso: as criaturas humanas é que disputam¤ aos cães os ossos e outros manjares menos APETECÍVEIS; luta que se complica muito, porque entra em ação a inteligência do homem, com todo o acúmulo de sagacidade que lhe deram os séculos etc.

As três afirmações a seguir podem estar corretas ou incorretas. Após ler atentamente o texto e as afirmações propostas, assinale a alternativa certa.

I- Embora irônico e crítico, o narrador, sensibilizado pelas reações positivas de Quincas Borba, torna-se um otimista.
II- Segundo o narrador-personagem, na observação de um fenômeno convém a um filósofo comedimento, empenho e emoção.
III- A cena não apenas provoca em Quincas Borba reações de prazer e alegria mas também desperta-lhe a observação e a reflexão crítica.

a) Todas estão corretas.
b) Apenas a I está correta.
c) Apenas a II está correta.
d) Apenas a III está correta.
e) Todas são incorretas.

12) Algumas características presentes no texto "Os Cães" permitem reconhecer nele um excerto de "________", romance que se constitui em sátira, velada por uma ironia olímpica e um humor à inglesa, às instituições burguesas, em torno de sua chaga maior, o adultério.
a) "Memórias Póstumas de Brás Cubas"
b) "D. Casmurro"
c) "Esaú e Jacó"
d) "Angústia"
e) "NDA"


13) Em DOM CASMURRO, o narrador machadiano
a) registra, de forma comovente, as memórias de sua adolescência, na qual veio a conhecer e a perder o grande amor de sua vida.
b) rememora, de forma lírica, uma paixão antiga, que lhe valeu a ruptura definitiva com sua família conservadora.
c) rememora, com ressentimento, as origens, o desenvolvimento e o fim de uma paixão, destruída pelo ciúme.
d) recupera, em tom trágico, a história de seu grande amigo, traído pela mulher fútil e aventurosa.
e) registra, com ironia, a impiedade de seus injustificáveis ciúmes pela mulher cuja inocência tardiamente reconhece.


14) O texto II é parte da fala do narrador no 1¡. capítulo de "Dom Casmurro", de Machado de Assis. Comparando-o com a fala de Paulo Honório, no último capítulo de "São Bernardo" (texto I), é correto afirmar que
a) ambas as personagens tentam recuperar o passado através do relato da própria vida, valendo-se, para tanto, da narrativa em primeira pessoa.
b) a lembrança da mulher amada, presente em ambos os relatos, desencadeia as duas narrativas que, intencionalmente, são feitas em terceira pessoa.
c) ambas as personagens, sentindo o peso da velhice, voltam-se para o passado, numa ávida tentativa de recuperar a alegria e a tranqüilidade da juventude. Para tanto, valem-se da narrativa em primeira pessoa.
d) a insônia, causada pelo remorso de uma vida que poderia ter sido e que não foi, leva ambas as personagens a permanecerem acordadas. E, para passar o tempo, escrevem. A narrativa é feita em terceira pessoa já que se trata de um narrador onisciente, isto é, que conhece os fatos na sua totalidade.
e) perseguidos pela sombra do passado e angustiados pela solidão, ambos os narradores recorrem à narrativa para afastar seus fantasmas. Utilizam-se, para isso, da narrativa em primeira pessoa, que lhes permite um distanciamento maior.


15) Assinale as proposições CORRETAS sobre o livro QUINCAS BORBA de Machado de Assis.

01. É um livro autobiográfico que mostra a relação entre estudantes de um internato. A fixação de Sérgio (aluno) por Ema (esposa do diretor) é uma apresentação clara do Complexo de Édipo.
02. Palha é o nome do marido FLEXÍVEL de Sofia (palavra que em grego significa sabedoria), que astuciosamente o traía sem se comprometer.
04. O HUMANITISMO é uma versão irônica do POSITIVISMO, filosofia que estava em moda no tempo de Machado de Assis.
08. A preocupação do autor é salientar que de um lado está o povo (conglomerado humano); de outro, o poder. O preconceito de cor é disfarce para ocultar o preconceito econômico.
16. AO VENCEDOR AS BATATAS é uma das frases do HUMANITISMO, filosofia definida por Rubião.

Soma (       2+4=6   )


Tomando em consideração seus romances, é correto afirmar que Machado de Assis
a) faz de 'Memórias póstumas de Brás Cubas' o primeiro romance naturalista brasileiro, ao descrever em detalhes o processo de decomposição do corpo de Brás Cubas.
b) explícita em 'Quincas Borba' sua teoria do Humanitismo, a qual serve de justificativa para a atitude arrivista de Rubião e sua ascensão social baseada na trapaça e na sedução.
c) estabelece ele próprio as bases da polêmica sobre a fidelidade de Capitu a Bentinho ao adotar em 'Dom Casmurro' um personagem-narrador parcial e desconfiado.
d) discute em 'Esaú e Jacó' os dilemas religiosos da sociedade brasileira do século passado, baseada numa população majoritariamente umbandista, mas fiel à herança judaico-cristã.
e) aproveita a aposentadoria do Conselheiro Aires, personagem de 'Esaú e Jacó', para, no 'Memorial de Aires', fazê-lo relembrar suas aventuras picarescas entre a senzala e a igreja.



16) DO TÍTULO
1          Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.
2          - Continue, disse eu acordando.
3          - Já acabei, murmurou ele.
4          - São muito bonitos.
5          Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam de meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes: "Dom Casmurro, domingo vou jantar com você." - "Vou para Petrópolis, Dom Casmurro; a casa é a mesma da Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze dias comigo." - "Meu caro Dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça."
6          Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui até ao fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores: alguns nem tanto.
            (Machado de Assis, DOM CASMURRO. Rio de Janeiro, Aguilar, cap. I)

A obra de Machado de Assis oferece um painel bastante rico da cultura e da sociedade urbanas brasileiras da época. Assinale o aspecto que NÃO é abordado nesse texto:
a) os hábitos sociais e culturais valorizados pela média e alta burguesia.
b) as normas de cordialidade que orientam a convivência das pessoas.
c) a vaidade pessoal ferida e o decorrente reflexo nas relações sociais.
d) a pouca valorização da produção literária da época.
e) a despretensão das conversas sociais ditas "informais".

17) O esclarecimento dos sentidos da palavra "casmurro" indica, em Machado de Assis:
a) a valorização de um modelo narrativo pautado pela fidelidade à realidade.
b) a tendência de refletir e comentar a respeito da própria escrita.
c) a preocupação em criar um estilo despojado, direto e simples.
d) a intenção de, através da erudição, educar o seu leitor.
e) a consciência da dificuldade de sua narrativa para o leitor da época.


18) Assinale a interpretação CORRETA da técnica narrativa e dos recursos expressivos empregados no texto:
a) "pode ser que não fosse"; "não achei melhor": expressões de caráter vago e impreciso, indicando a personalidade insegura do narrador.
b) "falou da lua e dos ministros": combinação inusitada de termos de áreas semânticas diferentes, traduzindo a visão crítica do narrador.
c) "O meu poeta (...) ficará sabendo que não lhe guardo rancor": pronome possessivo suspendendo o tom irônico e enfatizando uma intimidade afetuosa.
d) "Tudo por estar cochilando!": exclamação que introduz o discurso indireto livre, mediante o qual o narrador exprime seus sentimentos.
e) "Vou para Petrópolis (...)"; "Meu caro Dom Casmurro": transcrição de bilhetes para melhor caracterizar os personagens.


Óbito do Autor
"Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo."

Comparando-se o primeiro capítulo de DOM CASMURRO ao início do primeiro capítulo de MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS, anteriormente transcrito, NÃO se pode afirmar que:
a) ambos os textos se desenvolvem estabelecendo uma relação direta com o título.
b) em MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS observa-se uma temática insólita, ausente de DOM CASMURRO.
c) os personagens Brás Cubas e Dom Casmurro assemelham-se quanto à propensão ao estilo dubitativo, reticente.
d) a auto-ironia faz com que ambos os personagens se afastem do modelo idealizado de herói romântico.
e) o ponto de vista é de primeira pessoa, mas apenas o protagonista Brás Cubas é narrador e pseudo-autor do texto.

19) Durante este período de depressão contemplativa uma coisa apenas magoava-me: não tinha o ar angélico do Ribas, não cantava tão bem como ele. Que faria se morresse, entre os anjos, sem saber cantar?
            Ribas, quinze anos, era feio, magro, linfático. Boca sem lábios, de velha carpideira, desenhada em angústia - a súplica feita boca, a prece perene rasgada em beiços sobre dentes; o queixo fugia-lhe pelo rosto, infinitamente, como uma gota de cera pelo fuste de um círio...
            Mas, quando, na capela, mãos postas ao peito, de joelhos, voltava os olhos para o medalhão azul do teto, que sentimento! que doloroso encanto! que piedade! um olhar penetrante, adorador, de enlevo, que subia, que furava o céu como a extrema agulha de um templo gótico!
            E depois cantava as orações com a doçura feminina de uma virgem aos pés de Maria, alto, trêmulo, aéreo, como aquele prodígio celeste de garganteio da freira Virgínia em um romance do conselheiro Bastos.
            Oh! não ser eu angélico como o Ribas! Lembro-me bem de o ver ao banho: tinha as omoplatas magras para fora, como duas asas!

            (O ATENEU. Raul Pompéia)
Dos comentários que se fazem de "O ATENEU" assinale o falso:
a) misto de ficção e memória, pendente entre diário e romance, gira em torno das experiências sofridas por um menino ingênuo no internato de Aristarco Argolo de Ramos.
b) sem haver propriamente um enredo, mas justaposição de quadros, vão desfilando diante de nós as personagens e situações de um colégio em que a hipocrisia esconde toda gama de baixeza.
c) Diretor e senhora (Dª Ema), professores e estudantes, todos vivem numa atmosfera saturada e postiça forjada pela vaidade de Aristarco.
d) a sucessão de flagrantes impressionistas termina com o incêndio do colégio, ateado pelo estudante Américo.
e) O Ateneu distingue-se na história de nossa ficção por uma série de aspectos originais, entre eles, o realismo exterior tal qual o de Aluísio Azevedo em "O CORTIÇO".


20) Leia as afirmações a seguir:

I - DOM CASMURRO, MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS e QUINCAS BORBA são romances narrados em primeira pessoa.
II - "Helena" e "Iaiá Garcia" encaixam-se na primeira fase dos romances machadianos, apresentando ainda alguns aspectos ligados ao Romantismo.
III - Há exemplos do pessimismo e da ironia de Machado de Assis tanto em seus romances como em seus contos.

Assinale:
a) se todas estiverem corretas.
b) se apenas II e III estiverem corretas.
c) se apenas II estiver correta.
d) se apenas III estiver correta.
e) se todas estiverem incorretas.


PUC

21) PUC - O trecho acima é o início do romance O ATENEU, de Raul Pompéia. Considerando esta obra como um todo, constatamos nela uma perfeita correspondência entre a sociedade do Ateneu e a sociedade de fora dele, porque:
a) em ambas, os valores sociais, éticos e morais são irrepreensíveis.
b) a figura afável do diretor de escola equivale à do pai de família.
c) tanto na escola quanto na família a criança se sente "na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico".
d) escola e sociedade completam eficazmente a educação da criança e a preparam para a vida.
e) o internato é um pequeno mundo que reflete a sociedade e seus desequilíbrios.

Pré-modernismo


1) Nas duas primeiras décadas de nosso século, as obras de Euclides da Cunha e de Lima Barreto, tão diferentes entre si, têm como elemento comum:
a) a intenção de retratar o Brasil de modo otimista e idealizante.
b) a adoção da linguagem coloquial das camadas populares do sertão.
c) a expressão de aspectos até então negligenciados da realidade brasileira.
d) a prática de um experimentalismo lingüístico radical.
e) o estilo conservador do antigo regionalismo romântico.



2) Sobre a obra "Triste fim de Policarpo Quaresma", é INCORRETO afirmar que:
a) mantém em seqüência o plano ideológico romântico, tratado humoristicamente.
b) reflete a tendência da época pré-modernista de inconformismo e renovação.
c) expõe um cenário urbano, com tipos peculiares do cotidiano.
d) indica ruptura no plano estético, pois apresenta linguagem inovadora.
e) retrata a postura do autor de observador da realidade.




3) Inspirado no determinismo mais rígido, em moda no seu tempo, o autor procura mostrar que aqueles sertanejos não eram culpados como criminosos, mas que foram produto inevitável de um conjunto de fatores geográficos, raciais e históricos. Nada mais natural que se unissem em torno de seu profeta e por ele morressem, defendendo casa a casa o estranho arraial.

O trecho anterior está-se referindo à obra que consagrou
a) Olavo Bilac.
b) Euclides da Cunha.
c) Lima Barreto.
d) Augusto dos Anjos.
e) Raul Pompéia.


4) TEXTO 1

"... Como se sabia, o supremo pavor dos sertanejos era morrer a ferro frio, não pelo temor da morte senão pelas suas conseqüências, porque acreditavam que, por tal forma, não se lhes salvaria a alma. Exploravam esta superstição ingênua. Prometiam-lhes não raro a esmola de um tiro, à custa de revelações. Raros as faziam. Na maioria emudeciam, estóicos, inquebráveis - defrontando a perdição eterna. Exigiam-lhes vivas à República."

TEXTO 2

" - Mas você está muito enganada, mana. É preconceito supor-se que todo homem que toca violão é um desclassificado. A modinha é a mais genuína expressão da poesia nacional e o violão é o instrumento que ela pede. (...) Convém que nós não deixemos morrer as nossas tradições, os usos genuinamente nacionais."

Após a leitura atenta dos textos 1 e 2, analise as afirmativas a seguir:

1) Ambos pertencem a obras pré-modernistas, pois refletem temáticas nacionalistas e contemporâneas aos autores, mas com um viés crítico e exaltador.
2) O texto 1 é um trecho d' "Os Sertões", obra em que Euclides da Cunha descortina o interior do Brasil, traçando um retrato do Arraial de Canudos e do líder místico Antônio Conselheiro.
3) O texto 2 é parte do romance "Recordações do Escrivão Isaías Caminha", de Lima Barreto, de estilo simples e despojado. Seus cenários são os subúrbios cariocas, onde denunciava preconceitos sociais.

Está(ão) correta(s):
a) 2 apenas
b) 1, 2 e 3
c) 2 e 3 apenas
d) 1 e 3 apenas
e) 1 apenas

5) Assinale com V (Verdadeiro) ou F (Falso) as afirmações abaixo sobre a obra "Os Sertões", de Euclides da Cunha.

(    ) No texto de Euclides da Cunha, misturam-se o requinte da linguagem, a intenção científica e o propósito jornalístico.
(    ) A obra euclideana insere-se numa tradição da literatura brasileira que tematiza o povoamento do sertão, iniciada ainda no Romantismo com Bernardo Guimarães.
(    ) Euclides da Cunha escreveu "Os Sertões" com base nas reportagens que realizou como correspondente do jornal "O Estado de São Paulo".
(    ) Antônio Conselheiro é uma personagem fictícia criada pelo imaginário do autor.
(    ) O episódio de Canudos, retratado no texto de Euclides da Cunha, faz parte dos movimentos de protesto surgidos logo após a proclamação da Independência do Brasil.

A seqüência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
a) V- F- V- F- F
b) V- V- V- F- F
c) F- F- V- V- F
d) F- V- F- F- V
e) V- V- F- F- F

6) Quando Pedro I lança aos ecos o seu grito histórico e o país desperta esturvinhado à crise de uma mudança de dono, o caboclo ergue-se, espia e acocora-se, de novo.
            Pelo 13 de maio, mal esvoaça o florido decreto da Princesa e o negro exausto larga num uf! o cabo da enxada, o caboclo olha, coça a cabeça, imagina e deixa que do velho mundo venha quem nele pegue de novo.
            A 15 de novembro troca-se um trono vitalício pela cadeira quadrienal. O país bestifica-se ante o inopinado da mudança. O caboclo não dá pela coisa.
            Vem Floriano: estouram as granadas de Custódio; Gumercindo bate às portas de Roma; Incitatus derranca o país. O caboclo continua de cócoras, a modorrar...
            Nada o desperta. Nenhuma ferretoada o põe de pé. Social, como individualmente, em todos os atos da vida, Jeca antes de agir, acocora-se.

                        MONTEIRO LOBATO

É nesta crônica que Monteiro Lobato fotografa a imagem do caipira, apresentado como uma "raça intermediária", que perdeu o primitivismo do índio sem, no entanto, adquirir a força do colonizador. A crônica foi extraída do livro:
a) "Negrinha"
b) "O Macaco que se fez Homem"
c) "Urupês"
d) "O Presidente Negro"
e) "O Escândalo do Petróleo"


Respostas

Parte II - Questões sobre Prosa do Romantismo


16) Quando José de Alencar publicou IRACEMA, recebeu uma série de críticas de que se defende, notadamente, em posfácio à segunda edição.
Pinheiro Chagas foi um crítico romântico que atacou José de Alencar e os escritores brasileiros da época, como se lê no fragmento que se segue:

"o defeito que eu vejo em todos os livros brasileiros e contra o qual não cessarei de bradar intrepidamente é a falta de correção na linguagem portuguesa, ou antes a mania de tornar o brasileiro uma língua diferente do velho português por meio de neologismos arrojados e injustificáveis e de insubordinações gramaticais..."
            (CHAGAS, Pinheiro. APUD "José de Alencar". Rio de Janeiro: Aguilar, 1964, v.III, p.1129.)

Assinale a opção que corresponde à posição de Pinheiro Chagas no fragmento anterior.

a) Desde a primeira ocupação que os povoadores do Brasil, e após eles seus descendentes, estão criando por todo este vasto império um vocabulário novo, à proporção das necessidades de sua vida americana, tão outra da vida européia.
b) A língua portuguesa é original de Portugal. Por isso cabe aos gramáticos portugueses dizerem o que é certo ou errado em relação àquela língua: os brasileiros, assim como os outros povos colonizados, devem obedecer à orientação gramatical de Portugal.
c) Os operários da transformação de nossas línguas são esses representantes de tantas raças, desde a saxônia até a africana, que fazem neste solo exuberante amálgama do sangue, das tradições e das línguas.
d) Sempre direi que seria uma aberração de todas as leis morais que a pujante civilização brasileira, com todos os elementos de força e grandeza, não aperfeiçoasse o instrumento das idéias, a língua.
e) Não fazemos senão repetir que disse e provou um sábio filólogo, N. Webster: "Logo depois que duas raças de homens de estirpe comum separam-se e se colocam em regiões distantes, a linguagem de cada um começa a divergir por vários modos."


17) TEXTO 1

" - és filho de uma pisadela e de um beliscão; mereces que um pontapé te acabe a casta. (...) O menino suportou tudo com coragem de mártir, apenas abriu ligeiramente a boca quando foi levantado pelas orelhas: mal caiu, ergueu-se, embarafustou pela porta fora, e em três pulos estava dentro da loja do padrinho, e atracando-se-lhe às pernas."
            (Manuel A. de Almeida: "Memórias de um Sargento de Milícias").


                                   TEXTO 2

"- Algum tempo hesitei se deveria abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; (...) Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no intróito, mas no cabo; diferença radical entre este livro e o Pentateuco."
            (Machado de Assis: "Memórias Póstumas de Brás Cubas").

Após a leitura atenta dos textos 1 e 2, assinale a alternativa correta.
a) Apesar de ambos os romances intitularem-se 'memórias', o primeiro não é contado em 1 pessoa e relata a vida do protagonista depois que se torna sargento de milícias; já o texto de Machado traz um " defunto autor".
b) Manuel de Almeida aproxima-se da linguagem coloquial falada no Brasil de seu tempo, enquanto Machado de Assis, não.
c) O texto de Manuel de Almeida, considerado precursor do Realismo em nossas letras, e o de Machado traduzem o cientificismo dominante na época.
d) No texto 1, o autor descreve a forma de tratar as crianças na nobreza no Rio de Janeiro de D. João VI.
e) É característica notória da obra de Machado a ironia, traço que não é apresentado no texto 2.


18) Sua história tem pouca coisa de notável. Fora Leonardo algibebe¢ em Lisboa, sua pátria; aborrecera-se porém do negócio, e viera ao Brasil. Aqui chegando, não se sabe por proteção de quem, alcançou o emprego de que o vemos empossado, e que exercia, como dissemos, desde tempos remotos. Mas viera com ele no mesmo navio, não sei fazer o quê, uma certa Maria da hortaliça, quitandeira das praças de Lisboa, saloia£ rechonchuda e bonitota. O Leonardo, fazendo-se-lhe justiça, não era nesse tempo de sua mocidade mal apessoado, e sobretudo era maganão¤. Ao sair do Tejo, estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído por junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e deu-lhe também em ar de disfarce um tremendo beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o resto do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela e beliscão, com a diferença de serem desta vez um pouco mais fortes, e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos e familiares, que pareciam sê-lo de muitos anos.
            (Manuel Antônio de Almeida, "Memórias de um sargento de milícias")

Glossário:
¢ algibebe: mascate, vendedor ambulante.
£ saloia: aldeã das imediações de Lisboa.
¤ maganão: brincalhão, jovial, divertido.

Neste excerto, o modo pelo qual é relatado o início do relacionamento entre Leonardo e Maria
a) manifesta os sentimentos antilusitanos do autor, que enfatiza a grosseria dos portugueses em oposição ao refinamento dos brasileiros.
b) revela os preconceitos sociais do autor, que retrata de maneira cômica as classes populares, mas de maneira respeitosa a aristocracia e o clero.
c) reduz as relações amorosas a seus aspectos sexuais e fisiológicos, conforme os ditames do Naturalismo.
d) opõe-se ao tratamento idealizante e sentimental das relações amorosas, dominante no Romantismo.
e) evidencia a brutalidade das relações inter-raciais, própria do contexto colonial-escravista.


19) No excerto, o narrador incorpora elementos da linguagem usada pela maioria das personagens da obra, como se verifica em:
a) aborrecera-se porém do negócio.
b) de que o vemos empossado.
c) rechonchuda e bonitota.
d) envergonhada do gracejo.
e) amantes tão extremosos.


20) O gênero "romance" surgiu no Brasil durante o Romantismo e moldou-se segundo os gostos e preferências da burguesia em ascensão. Com uma temática diversificada, logo tornou-se o tipo de leitura mais acessível a essa nova classe social.

Dentre as afirmativas seguintes, assinale aquela que NÃO corresponde às tendências do "romance romântico":
a) As obras românticas conhecidas como romance de "folhetins" caracterizaram-se pelo tom "água-com-açúcar", pela presença de elementos pitorescos e pela superficialidade de seus conflitos.
b) O romance romântico identificado como "histórico" retratou os fatos políticos brasileiros da época, e também as correntes materialistas daquela segunda metade do século XIX.
c) As narrativas ambientadas na cidade foram rotuladas como "romances urbanos", sendo ainda conhecidas como obras de "perfis de mulher", por privilegiar as personagens femininas e seus pequenos conflitos psicológicos.
d) O romance "indianista" enfatizou nossa "cor local" ao retratar as lendas, os costumes e a linguagem do índio brasileiro, acentuando ainda mais o cunho nacionalista do Romantismo.
e) A narrativa romântica de caráter "regionalista" tematizou, de forma idealizada, a vida e os costumes do "brasileiro" do interior.


21) Sobre os romances "Iracema", de José de Alencar, e "Dom Casmurro", de Machado de Assis, é correto afirmar:
a) "Dom Casmurro" é um romance de caráter nacionalista, pois aborda, como Iracema, a miscigenação étnica (índios e brancos), geradora do autêntico brasileiro.
b) "Iracema" apresenta alguns parágrafos com ritmo extremamente cadenciado, como por exemplo o de abertura, "Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes de carnaúba", o que levou Machado de Assis a se referir à obra como "poema em prosa".
c) "Dom Casmurro" tem como personagem Capitu, que apresenta comportamento muito semelhante ao de Iracema, daí podermos afirmar que o romantismo alencariano tem grande influência sobre as obras machadianas.
d) Os dois romances escritos no século XIX possuem como característica principal a exaltação da natureza e a idealização da mulher.
e) "Virgem dos lábios de mel" e "olhos de cigana oblíqua e dissimulada" são, respectivamente, designações de Capitu e Iracema, o que demonstra um traço típico do Realismo na descrição do caráter de ambas as personagens.


22) Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas no período a seguir.

O meirinho __________ e a aldeã __________, vindos juntos de Portugal, têm um filho ilegítimo, __________, personagem central do livro __________.

a) Leonardo Pataca - Maria da Hortaliça - Leonardo - "Memórias de um sargento de milícias"
b) Olímpico de Jesus - Macabéa - Olímpico de         Jesus - "A hora da estrela"
c) Vidigal - Maria da Hortaliça - Leonardo Pataca - "Memórias de um sargento de milícias"
d) Rodrigo S. M. - Macabéa - Olímpico de Jesus - "A hora da estrela"
e) Miranda - Bertoleza - João Romão - "O cortiço"


23) Leia as afirmações abaixo sobre os romances "O Guarani" e "lracema", de José de Alencar.

I - Em "O Guarani", tanto a casa de Mariz, representante dos valores lusitanos, quanto os Aimorés, que retratam o lado negativo da terra americana, são destruídos.
II - Em "Iracema", a guardiã do "segredo da jurema" abandona sua tribo para seguir Martim, o homem branco por quem se apaixonara.
III - Em "O Guarani" e "Iracema", as personagens indígenas - Peri e Iracema - morrem em circunstâncias trágicas, na certeza de que serão vingadas.

Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e II.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.


24) Leia, com atenção, o fragmento a seguir para responder à questão.

"Todas as raças, desde o caucasiano sem mescla, até o africano puro; todas as posições, desde as ilustrações da política, da fortuna ou do talento, até o proletário humilde e desconhecido; todas as profissões, desde o banqueiro até o mendigo; (...)
É uma festa filosófica essa festa da Glória! Aprendi mais naquela meia hora de observação do que nos cinco anos que acabava de esperdiçar em Olinda com uma prodigalidade verdadeiramente brasileira.
A lua vinha assomando pelo cimo das montanhas fronteiras; descobri nessa ocasião, a alguns passos de mim, uma linda moça, que parara um instante para contemplar no horizonte as nuvens brancas esgarçadas sobre o céu azul e estrelado. Admirei-lhe do primeiro olhar um talhe esbelto e de suprema elegância.(...) Ressumbrava na sua muda contemplação doce melancolia, e não sei que laivos de tão ingênua castidade, que o meu olhar repousou calmo e sereno na mimosa aparição."
            (José de Alencar - "Lucíola")

A partir do fragmento, e considerando o romance como um todo, PODE-SE AFIRMAR que:
a) a cena amorosa, em Alencar, é sempre emoldurada pela matéria sócio-cultural brasileira.
b) pode-se observar, nessa cena, a superioridade da província sobre a metrópole.
c) desde o primeiro momento Paulo percebe a condição social de Lúcia.
d) a referência à questão racial comprova o naturalismo dessa obra.
e) o romance urbano, como é o caso de LUCÍOLA, é o único cultivado no romantismo brasileiro.


25) “Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba;
Verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros;
Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas.”

Esse trecho é o início do romance "Iracema", de José de Alencar. Dele, como um todo, é possível afirmar que
a) Iracema e uma lenda criada por Alencar para explicar poeticamente as origens das raças indígenas da América.
b) as personagens Iracema, Martim e Moacir participam da luta fratricida entre os Tabajaras e os Pitiguaras.
c) o romance, elaborado com recursos de linguagem figurada, é considerado o exemplar mais perfeito da prosa poética na ficção romântica brasileira.
d) o nome da personagem-título é anagrama de América e essa relação caracteriza a obra como um romance histórico.
e) a palavra Iracema é o resultado da aglutinação de duas outras da língua guarani e significa "lábios de fel".


26) Os personagens femininos dominam a cena, em alguns dos romances do romântico José de Alencar e do representante máximo do realismo brasileiro, Machado de Assis. Sobre tais personagens nas obras desses autores, assinale a alternativa correta.

a) Os relatos urbanos de Machado de Assis oscilam entre a estrutura de folhetim e a percepção da realidade brasileira. Com os perfis femininos (Lucíola, Diva, Senhora, A viuvinha), José de Alencar alcança grande profundidade psicológica na descrição dos personagens centrais.
b) Os personagens femininos de Machado de Assis, assim como os de José de Alencar, são seres extraordinários, movidos por uma ética heróica, com tendências à aceitação do sofrimento.
c) Tanto em José de Alencar como em Machado de Assis, os personagens femininos alcançam uma dimensão idealizada e espiritualizada.
d) Machado de Assis descreveu personagens femininos contraditórios, complexos e dissimulados, penetrando na consciência de cada um deles. Alencar apresentou-os de forma idealizada, sem complexidades psicológicas, com caráter nobre e capazes de renúncia.
e) Enquanto José de Alencar caracterizava os personagens femininos pela hipocrisia social e pela paixão pelo dinheiro, a dissimulação e a vaidade eram traços marcantes nestes personagens de Machado de Assis.


27) Considere os seguintes fragmentos:

As revoltas mais impetuosas de Aurélia eram justamente contra a riqueza que lhe servia de trono, e sem a qual nunca por certo, apesar de suas prendas, receberia como rainha desdenhosa a vassalagem que lhe rendiam.
Por isso mesmo considerava ela o ouro um vil metal que rebaixava os homens; e no íntimo sentia-se profundamente humilhada pensando que para toda essa gente que a cercava, ela, a sua pessoa, não merecia uma só das bajulações que tributavam a cada um de seus mil contos de réis.
(José de Alencar, "Senhora", Primeira Parte - "O preço", cap. I)

Se não fosse a astronomia, não descobriria eu tão cedo as dez libras de Capitu; mas não é por isso que torno a ela, é para que não cuides que a vaidade de professor é que me fez padecer com a desatenção de Capitu e ter ciúmes do mar. Não, meu amigo. Venho explicar-te que tive tais ciúmes pelo que podia estar na cabeça de minha mulher, não fora ou acima dela.
(Machado de Assis, "Dom Casmurro", cap. CVII - "Ciúmes do mar")

A comparação entre os fragmentos acima, extraídos de romances brasileiros da segunda metade do século XIX, permite concluir que:

a) As preocupações econômicas foram tema central da literatura brasileira, em igual medida, no Romantismo e no Realismo.
b) Machado de Assis narra em primeira pessoa e se dirige diretamente ao leitor; José de Alencar adota o foco narrativo de terceira pessoa, o que favorece a neutralidade em relação aos fatos narrados.
c) Machado de Assis, autor romântico, desvia a ênfase das "dez libras" para os sentimentos de Capitu; José de Alencar, mais realista, privilegia a crítica aos pretendentes interesseiros de sua heroína.
d) O tema dos ciúmes, central em "Dom Casmurro", não aparece em "Senhora", romance em que nem Aurélia, nem Fernando Seixas relacionam-se amorosamente com outras personagens.
e) Nos dois romances, a segunda parte esclarece os mistérios da primeira: em "Senhora", são esclarecidos os motivos por que Aurélia decidiu comprar seu marido; em "Dom Casmurro", são apresentadas as razões da infidelidade de Capitu.


28) O trecho seguinte pertence ao romance "Iracema" (1865), de José de Alencar:

Refresca o vento.
O rulo das vagas precipita. O barco salta sobre as ondas e desaparece no horizonte. Abre-se a imensidade dos mares; e a borrasca enverga, como o condor, as foscas asas sobre o abismo.
Deus te leve a salvo, brioso e altivo barco, por entre as vagas revoltas, e te poje nalguma enseada amiga. Soprem para ti as brandas auras; e para ti jaspeie a bonança mares de leite!
            ALENCAR, J.M. de. "Iracema". Porto Alegre: L&PM, 1999. p. 22-23. (Coleção L&PM Pocket)

O barco mencionado no fragmento
a) transporta o corpo de Iracema em ritual fúnebre indígena.
b) conduz Moacir, o primeiro cearense ainda criança, para o exílio.
c) dirige-se, para novas conquistas de territórios, ao sul do país.
d) parte da Europa, levando o colonizador português ao Ceará.


29) Texto 1
"Pensava ela que não tinha nenhum direito a ser amada por Seixas; pois a afeição que lhe tivesse, muita ou pouca, era graça que dele recebia. Quando se lembrava que esse amor a poupara à alegação de um casamento de conveniência, nome com que se decora o mercado matrimonial, tinha impulsos de adorar a Seixas, como seu Deus e redentor."
            (ALENCAR, José de. "Senhora". 24 ed. São Paulo: Ática, 1994. p. 97.)


Texto 2
"E Luísa tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante onde cada hora tinha seu encanto diferente, cada passo conduzia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!"
            (QUEIRÓS, Eça de. "O primo Basílio". 7ª ed. São Paulo: Ática, 1982. p. 120.)

Sobre os textos acima, considere as afirmativas:
I. São narrativas escritas no século XIX, que conservam uma profunda diferença quanto às correntes estéticas às quais se filiam, apesar de nos trechos acima revelarem semelhanças.
II. O narrador de "O primo Basílio" emprega no trecho citado várias metáforas românticas porque visa a retratar a personagem Luísa como uma pessoa apaixonada e sonhadora.
III. O narrador de "Senhora" está descrevendo no trecho citado uma mulher fria e amarga, que descrê das relações matrimoniais e do poder transformador do amor.
IV. Trata-se de romances destinados ao público feminino do século XIX, por isso ambos apresentam, em seu final, as protagonistas realizadas em suas paixões.

Assinale a alternativa correta.
a) Apenas as afirmativas I e II são corretas.
b) Apenas a afirmativa I é correta.
c) Apenas as afirmativas II e III são corretas.
d) Apenas as afirmativas III e IV são corretas.
e) Apenas as afirmativas I e III são corretas.


30) O romance "Lucíola" pertence à chamada fase urbana da produção ficcional de José de Alencar. Neste livro,
a) o autor discute a desigualdade social no meio urbano.
b) o autor mostra a prostituição como um grave problema social urbano.
c) não há uma típica narrativa romântica, pois o autor fala de prostituição, que é um tema naturalista.
d) não existe a presença do amor; há apenas promiscuidade sexual.
e) o autor focaliza o drama da prostituição na esfera do indivíduo, mostrando a diferença entre o ser e o parecer.