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sábado, 8 de dezembro de 2012
Pauliceia Desvairada-Quando eu morrer quero ficar
Mario de Andrade
Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.
Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
English: Brazilian poet Mário de Andrade (far left) during his travel through Amazon rainforest, 1927. (Photo credit: Wikipedia)
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam.
No
Pátio do Colégio
afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.
Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
Sereia.
O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...
Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...
As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus.
Mário de Andrade
Por-do- sol no Pico do Jaraguá
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